sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Discurso Sobre o Estado Corporativo - Benito Mussolini

 

(14 de Dezembro de 1933, A. XII)

Este discurso pronunciado em Roma, na assembleia Geral do Conselho Nacional das Corporações, a 14 de novembro de 1933, marca o inicio da fase resolutiva, já radicalmente inovadora da politica corporativa do Fascismo. Este discurso determina clara e definitivamente o conceito fascista de Corporação; apresenta e resolve os problemas fundamentais concernentes ao caráter corporativo do Estado, ás funções legislativas de Corporação e aos fatores éticos do Corporativismo fascista. Na sessão anterior, S. E. o Chefe do Governo, havia lido a seguinte declaração, reservando-se de ilustra-la no dia seguinte: O Conselho Nacional das Corporações, define as Corporações como o instrumento que sob a égide do Estado, realiza a disciplina integral, orgânica e unitária das forças produtoras, em vista do desenvolvimento da riqueza, da força politica e do bem estar, do povo italiano; "declara que o numero das Corporações para os grandes ramos da produção deve ser o maior possível, adaptado ás necessidades reais da economia nacional; "estabelece que o estado maior das Corporações, deve compreender os representantes das administrações do Estado, do partido do capital, do trabalho e da técnica; "designa como funções especificas das Corporações, as conciliativas e consultivas, com obrigação nos problemas de maior importância e, através do Conselho Nacional, a criação de leis que regulem a atividade econômica da Nação; "reserva ao Grande Conselho do Fascismo, a faculdade de decidir os problemas que no sentido politico constitucional se determinem em consequência da constituição efetiva e do funcionamento pratico das corporações.

O seguinte discurso constitui a ilustração da referida declaração: assinala um ponto de partida fundamental no desenvolvimento do Estado Corporativo, e tem o valor histórico de uma base essencial, para a compreensão do pensamento e da ação fascista.

O aplauso com que ontem á noite recebestes a leitura das minhas declarações, fez-me perguntar esta manhã se valia a pena fazer um discurso, para ilustrar um documento, que entrou diretamente nas vossas inteligências, interpretou as vossas convicções e tocou a vossa sensibilidade revolucionaria.

No entanto, poderá interessar-vos saber, qual foi o pensamento que dirigiu o meu espirito, ao formular as declarações de ontem á noite.

Antes de tudo, porem, quero elogiar esta assembleia e comprazer-me pelas discussões que nela se desenvolveram.

Só os pobres de espirito podem admirar-se de que tenham surgido divergências e que tenham aparecido algumas nuvens. Tudo isto, é inevitável; quero dizer, necessário.

Harmonia é harmonia; cacofonia é outra cousa. Por outro lado, discutindo-se um problema tão delicado como o atual, é perfeitamente logico e inevitável, que cada um traga para aqui, não só a sua preparação doutrinaria, e o seu estado de espirito, mas também o seu temperamento pessoal.

Certamente, lembrareis, que em 16 de Outubro do ano X, na praça Veneza, perante milhares de chefes fascistas, vindos a Roma para o Decenal, fiz esta pergunta: esta crise que nos oprime á quatro anos (já entramos no quinto, à um mês) uma crise no sistema ou do sistema?

Pergunta grave a qual não se podia responder imediatamente. 

Para responder é necessário refletir muito e documentar-se bem.

Hoje respondo : a crise penetrou de tal forma no sistema, que se tornou uma crise do sistema. 

Já não é um traumatismo, é uma moléstia constitucional. Hoje podemos afirmar, que o modo de produção capitalista foi superado, e com ele, a teoria do liberalismo econômico que o explicou e o elogiou.

Quero delinear-vos a traços largos, o que foi a historia do capitalismo no século passado, que poderia ser definido o século do capitalismo. Antes de tudo porem, o que é o capitalismo ? Não se deve confundir capitalismo com burguesia, A burguesia é outra cousa; é um modo de ser que pode ser grande e pequeno, heroico e filisteu.

O capitalismo vice-versa é um modo especifico da produção industrial. Na sua expressão mais perfeita, é um sistema de produzir em massa para o grande consumo, fortemente financiado mediante a emissão do capital anônimo, nacional e internacional. O capitalismo é portanto industrial e não teve no domínio agrícola, manifestações de grande alcance.

Na historia do capitalismo, eu distinguiria três períodos: o período dinâmico, o período estacionário e o período da decadência

O periodo dinamico, é o que vae de 1830 a 1870. Coincide com a introdução do tear mecanico e com o aparecimento da locomotiva. Surge a fabrica. Ela é a manifestação tipica do capitalismo industrial; é a época das grandes possibilidades, durante a qual a lei da concorrência livre e a luta de todos contra todos, pode imperar livremente. Ha vitimas e feridos, que a Cruz Vermelha se encarregará de recolher. Ha tambem neste periodo crises, mas são crises ciclicas, não são longas e universais.

O capitalismo tem ainda tanta vida e tanta força que as pode superar brilhantemente: É esta a época em que Luiz Felipe grita: Enriquecei-vos. Desenvolve-se o urbanismo. Berlim que contava 100 mil habitantes no começo do seculo, atinge a cifra de um milhão; Paris de 560 mil na época da Revolução francesa, passou a ter milhão de habitantes. O mesmo pode-se dizer de Londres e das cidades mais importantes da America.

A seleção neste primeiro período de vida do capitalismo é um fato. Houve também guerras, mas estas não podem ser comparadas com a guerra mundial que vivemos. Duraram pouco tempo como por exemplo, a guerra italiana de 1848-1849, durou quatro meses no primeiro ano e só quatro dias no segundo; a de 1859, durou poucas semanas como também a de 1866. Nem mais longas são as guerras da Prussia. A de 1864, contra os Ducados da Dinamarca, durou poucos dias e a de 1866, contra a Áustria, consequência da primeira, acaba em Sadowa depois de poucos dias de luta. Em fim a guerra de 1870, que se tornou celebre pela tragédia de Sedan, não durou mais de dois invernos.

Estas guerras, ousaria dizer, estimulam de certo modo a economia das Nações; assim é que, apenas oito anos depois de 1878, a França ergue-se novamente e pode organizar a Exposição universal, acontecimento que deu tanto que pensar a Bismark.

Ao que se passou na América, não lhe daremos o glorioso titulo de heroico. Esta palavra deve ser reservada aos acontecimentos de ordem exclusivamente militar; é verdade, que a conquista do Far West foi árdua e sangrenta, teve seus perigos e suas vitimas como uma grande conquista. Este período dinâmico do capitalismo, deveria ser compreendido entre o aparecimento da maquina a vapor e a abertura do Canal de Suez.

São portanto quarenta anos, durante os quais, o Estado sem intrometer-se, observa, e os teóricos do liberalismo dizem: Estado, tendes apenas um único dever: que no setor, da economia, nem sequer seja notada a vossa presença. Governareis tanto melhor, quanto menos vos preocupardes com os problemas de ordem econômico.

A. economia, por conseguinte, em todas as suas manifestações fica unicamente limitada pelo Código Penal e pelo Código comercial.

Este período entretanto, muda depois de 1870. Já não existe a luta pela vida, a concorrência livre, a seleção do mais forte. Notam-se os primeiros sintomas do cansaço e da decadência do mundo capitalista. Começa a era dos carteis, dos sindicatos dos consórcios, dos "trusts". Naturalmente, não me deterei para demonstrar-vos a diferença que distingue estas quatro instituições; não são diferenças importantes pois são as mesmas que existem, entre os impostos e as taxas. 

Os economistas, ainda não as definiram, mas o contribuinte, acha que é perfeitamente inútil discutir, porque, imposto ou taxa, ele é obrigado a pagar. Não é verdade, o que disse um economista italiano da economia liberal, que "a economia do trust", dos carteis, dos consórcios e dos sindicatos, é economia de guerra. Não é, porque o primeiro cartel de carvão da Alemanha, apareceu em Dortmund, em 1879.

Em 1905, dez anos antes da grande guerra, contavam-se na Alemanha, 62 carteis metalurgicos. Em 1904, havia um cartel de potassa; um de assucar em 1903, e dez da industria do vidro. Naquela época na Alemanha, havia um total de 500 a 700 carteis, pertencentes ao governo da industria e do comercio.

Em 1877, apareceu na França a Oficina industrial de metalurgia de Longwey, em 1888 uma Companhia de exploração de petroleo, em 1881 todas as Companhias de Seguro estavam reunidas. O cartel do ferro na Austria data de 1873; junto aos carteis nacionais desenvolvem-se os carteis internacionais. O sindicato das fabricas de garrafas data de 1907. O Sindicato das fabricas de vidro e espelhos, em que trabalhavam francêses, inglêses, austriacos e italianos, existe desde 1909.

Os fabricantes de trilhos de caminhos de ferro, organizaram-se internacionalmente, em 1904. 0 Sindicato do zinco aparece em 1899. Não quero mais entrete-los, com a leitura enfadonha de todos os sindicatos quimicos, textis, de navegações e de outros que se formaram nesse periodo historico.

Em 1901 surgiu o cartel do salitre dos ingleses e chilenos. Tenho aqui a lista completa dos "trusts" nacionaes e internacionais, cuja leitura prefiro evitar.

Pode dizer-se que não existe setór da vida economica dos paises da Europa e da America, onde não se tenham formado essas forças que caracterizam o capitalismo.

Qual é a consequencia? O fim da concurrencia livre.

Tendo-se limitado as margens, a empreza capitalista acha que é preferivel chegar a um acôrdo, aliar-se, do que lutar, para dividir os mercados e repartir os lucros. A propria lei da oferta e da procura já não é um dogma porque pode agir atravês dos carteis e dos trusts sobre a oferta e a procura: emfim essa economia capitalista coalisada, " trustisada" dirige-se ao Estado. É o que lhe pede? A proteção aduaneira.

A liberdade de comercio já não é senão um aspéto mais vasto da doutrina do liberalismo economico, e é ferido mortalmente. De fáto, o primeiro pais que levantou as barreiras quasi insuperaveis foi a America. Hoje a propria Inglaterra de alguns annos para cá, renegou tudo o que parecia tradicional na sua vida politica, economica e moral; e declarou-se favoravel a um protecionismo cada vês maior. Sobrevêm a guerra, e em consequencia dela a empreza capitalista se inflaciona. A ordem do engrandecimento da emprêsa passa do milhão ao bilião. As chamadas construções verticaes, vistas de longe, dão uma impressão algo monstruosa e babelica. 

As dimensões consideraveis da emprêsa excedem as possibilidades do homem; antes era o espirito que dominava a materia, agora é a materia que dobra e subjuga o espirito.

O que até então era fisiologia, se transforma em patologia, tudo se torna anormal. Como em todos os acontecimentos historicos da vida, ha sempre um personagem que os caracteriza, da mesma forma nesta situação, destacam-se dous personagens: O sueco Kreuger, fabricante de fosforos e o especulador americano Insull.

Com a sinceridade brutal, caracteristica do nosso habito fascista, acrescentamos que tambem na Italia houve manifestações desse genero, apesar de não terem atingido certas alturas.

Nesta fase o supercapitalismo inspira-se e justifica-se com esta utopia: a utopia do consumo ilimitado. O ideal do supercapitalismo seria a "estandardisação» do genero humano do berço ao tumulo.

Queria o supercapitalismo que todos os homens nascessem do mesmo comprimento, para que se pudessem fazer berços estandardizados; queria que as crianças desejassem os mesmos brinquedos, que todos os homens se vestissem do mesmo modo, que todos lessem o mesmo livro, que todos gostassem dos mesmos filmes, e que enfim todos desejassem a assim chamada maquina utilitaria.

Isto não é um capricho, é algo que está na logica das cousas, pois só assim, o supercapitalismo pode realisar seus planos. 

Quando a onda capitalista deixa de ser um fáto economico? Quando a sua propria grandeza, faz com que ela seja um fáto social.

É justamente este o momento em que a onda capitalista, achando-se em dificuldades, atira-se nos braços do Estado; é o momento em que se torna cada vês mais necessaria a intervenção do Estado.

E todos quantos não o conheciam procuram-no ansiosamente. 

Chegamos a tal ponto, que se em todas as Nações da Europa o Estado adormecesse durante 24 horas, esta parêntese seria suficiente para determinar uni desastre. 

Já não existe um só campo econômico em que o Estado não tenha que intervir. 

Se por mera hipótese, quiséssemos ceder a este capitalismo da ultima hora cairíamos imediatamente no capitalismo do Estado, que não é nada mais do que o socialismo do Estado decaído e chegaríamos de uma maneira ou de outra, á funcionalização da economia nacional.

É esta a crise do sistema capitalista considerada na sua significação universal. Existe, porem uma crise especifica que nos diz respeito pela nossa qualidade de italianos e de europeus. Crise europeia, tipicamente europeia.

A Europa já não é o continente que dirige a civilização humana. Esta é a constatação dramática que os homens que tem o dever de pensar, devem fazer a si próprios e aos outros. 

Houve uma época em que a Europa dominava politica espiritual e economicamente o mundo inteiro.

Dominava-o politicamente, através das suas instituições politicas. Espiritualmente através de tudo quanto a Europa produziu com o seu espirito no decurso dos seculos. Economicamente porque era o unico continente solido na industria.

Entretanto, do outro lado do Atlantico, desenvolve-se a grande emprêsa industrial e capitalista. No extremo oriente, aparece o Japão que depois de ter-se posto em contáto com a Europa, durante a guerra de 1905, avança a grandes passos para o ocidente.

Aqui o problema é politico Falemos de politica, porque, esta assembleia é essencialmente politica. 

A Europa pode ainda tentar de retomar o leme da civilização universal, se encontrar um "minimum" de unidade politica. É preciso portanto, seguir as que tem sido constantemente, nossas diretrizes. 

Este acordo politico da Europa não pôde verificar-se, sem que primeiro sejam reparadas grandes injustiças. 

Chegámos a um ponto extremamente grave desta situação: a Sociedade das Nações perdeu tudo o que podia dar-lhe uma expressão politica e um alcance histórico. 

Entretanto, o mesmo que a inventou, não faz parte dela. 

Estão ausentes a Rússia, os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha.

Esta Sociedade das Nações baseia-se num dos princípios que enunciados são perfeitos, mas considerados depois, e anatomizados resultam absurdos.

Quase outros fatos diplomáticos existem, que possam repor em contato os Estados? 

Locarno? Locarno é outra coisa. Locarno não tem nada que ver com o desarmamento: dali não se pode passar. 

Houve nestes últimos tempos um grande silencio com respeito ao Pato dos Quatro. Ninguém fala, mas todos pensam nele.

É por isto, que nós não pensamos em retomar iniciativas ou precipitar os acontecimentos de uma situação que deverá logica ou fatalmente melhorar.

Perguntemos agora: é a Itália uma nação capitalista?

Fizestes alguma vez esta pergunta? Se capitalismo quer dizer conjunto de usos e costumes, de progressos técnicos, comum a todas as Nações, pode dizer-se que também a Itália é uma nação capitalista. 

Se examinarmos porém, a situação sob o ponto de vista estadístico, isto, é, considerando a importância das diversas categorias econômicas da população, obteremos então os dados necessários do problema, que nos permitem dizer que a Itália não é uma nação capitalista no sentido corrente da palavra.

Até a data de 21 de abril de 1931, os lavradores que cultivam terrenos próprios são em numero de 2.943.000, e os arrendatários são 858.000. Os parceiros e os colonos são 1.63 1.000, os demais lavradores assalariados, braceiros jornaleiros do campo, são 2.475.000. O total da população que está ligada direta e imediatamente á agricultura é de 7.900.000. Os industriais são 523.000, os negociantes 841.000, os artesãos dependentes e patrões 742.000, os operários 4.283.000, os criados e os trabalhadores 849.000; as forças armadas do Estado 541.000, compreendendo também as forças de Policia. Os que pertencem ás profissões livres e ás artes, são em numero de 553.000; os funcionários públicos e privados 905 .000; total deste grupo e do outro, 17.000.000. Os grandes proprietários não são numerosos, apenas 201.000, os estudantes 1.945.000, e as mulheres ocupadas em seus afazeres domésticos, são cerca de 11.224.000. Há ainda uma cifra de 1.295.000, que diz respeito a outras condições não profissionais e que pode ser interpretada de vários modos. 
 
Este quadro, demonstra que a economia de Nação italiana, é varia complexa e não pode ser classificada em um único tipo, mesmo porque, as industrias que figuram com a cifra colossal de 523.000, pertencem na maior parte á media ou pequena indústria. A pequena indústria vae de um mínimo de 50 operários a um máximo de 500, ao passo que, a media indústria conta de 500 a 5000 ou 6000 operários; acima deste numero está a grande indústria e algumas vezes desemboca-se no supercapitalismo. A Itália a meu ver, deve permanecer uma Nação de economia mista, com uma agricultura florescente, que é a base de tudo, tanto assim que até esse pequeno despertar das industrias que se verificou nestes últimos tempos, é devido, na opinião geral dos espertos, ás melhoradas colheitas da agricultura destes últimos anos: com uma indústria media e pequena, com bancos que não se entreguem á especulação, com um comercio, que cumpra com o seu dever fundamental, que é o de proporcionar rápida e racionalmente as mercadorias aos consumidores.

Na declaração que fiz ontem á noite, defini a corporação como a entendemos e a desejamos crer, e indiquei quais eram seus objetivos. Disse que a corporação surgiu em vista do desenvolvimento da riqueza, da força politica e do bem estar do povo italiano.

Estes três elementos dependem um do outro: a força politica cria a riqueza e a riqueza por sua vês revigora a ação politica. 

Desejaria chamar a vossa atenção sobre o objetivo, que visamos como fim principal: o bem estar do povo italiano. É necessário que num determinado momento, estas instituições que criamos, sejam experimentadas e reconhecidas pelas massas, como outros tantos instrumentos que concorrem para o melhoramento do seu nível de vida. É necessário que num dado momento, o operário, o trabalhador da terra, possa dizer a si mesmo e aos seus: hoje graças ás instituições que a Revolução fascista criou, estamos realmente bem.

Há em todas as sociedades nacionais uma miséria inevitável. Há muita gente que vive á margem da sociedade: ocupam-se dela, instituições especiais. Entretanto o que aflige o nosso espirito é a miséria dos homens sãos e fisicamente capazes, que procuram ansiosamente e em vão trabalho. Devemos portanto querer que os operários italianos que nos interessam por serem operários italianos e fascistas, notem que não criamos instituições somente para dar forma ás nossas teorias doutrinarias, mas criamos instituições que devem dar num certo momento, resultados positivos, concretos, práticos e tangíveis. Não me delongo sobre os deveres conciliativos que a corporação poderá desenvolver e não vejo nenhum inconveniente, na pratica da função consultiva. 

Agora sempre que o Governo deve tomar medidas de uma certa importância, consulta os interessados. Si amanhã esta consulta se tornar obrigatória, para determinadas questões, não vejo nisso mal nenhum, porque tudo o que aproxima o cidadão ao Estado, tudo o que faz entrar o cidadão dentro da engrenagem do Estado, é útil aos fins sociais e nacionais do Fascismo.

O nosso Estado não é um Estado absoluto e ainda menos absolutista que se mantem afastado dos homens e armado somente de leis inflexíveis, como aliás devem ser as leis.

O nosso Estado é um Estado orgânico, humano, intimamente ligado á realidade da vida. 

A própria burocracia não é hoje e tanto menos será amanhã um diafragma, entre a obra do Estado e os interesses e necessidades efetivas e concretas do povo italiano. Estou plenamente certo de que, a admirável burocracia italiana, como tem feito sempre até hoje, trabalhará com as Corporações, sempre que for necessário, para a melhor solução dos problemas. Mas o ponto que despertou maior interesse nesta assembleia, é o que trata dos poderes legislativos, que se pretende conceder ao Conselho Nacional das Corporações. Alguém percorrendo os tempos, já falou da abolição da atual Câmara dos Deputados. Expliquemo-nos. A Câmara dos Deputados, deve ser dissolvida por ter terminado a sua Legislatura. Por outro lado, não dispondo nestes meses de tempo suficiente para criar as novas instituições corporativas, a nova Câmara será eleita com o mesmo processo de 1929.

Chegará porem, o momento em que a Câmara deverá decidir seu próprio destino. Haverá por aí algum fascista que esta hipótese faça chorar? 

Seja como for, saiba que não enxugaremos suas lagrimas. É perfeitamente concebível que o Conselho Nacional das Corporações, substitua "in toto» a atual Câmara dos Deputados: ela nunca foi de meu agrado. Enfim, a Câmara dos Deputados é anacrônica até no seu titulo: é uma instituição que já existia quando entramos e que é alheia á nossa mentalidade e nossa paixão de fascistas. A Câmara pressupõe um mundo que já demolimos; pressupõe a existência de diferentes partidos políticos e frequentemente de bom grado, o ataque propositado ao espirito de trabalho. Desde o dia em que suprimimos esta pluralidade de partidos, a Câmara dos Deputados perdeu o motivo principal da sua existência.

Os deputados fascistas estiveram quase todos na altura da sua fé e devemos reconhecer que o seu sangue era forte e são, para não envelhecer num ambiente, onde tudo lembra o passado.

Tudo isto porem se verificará, num espaço de tempo mais ou menos longo; o importante é estabelecer o principio, porque é deste que se deduzem as consequências fatais. Quando a 13 de janeiro de 1923, se criou o Grande Conselho Fascista, os homens superficiais talvez pensaram: criou-se uma instituição. Não, nesse dia foi enterrado o liberalismo politico.

Quando com a Milícia, força armada do Partido e da Revolução e com a instituição do Grande Conselho, órgão supremo da Revolução, suprimimos o liberalismo teórico e pratico, foi então que entramos definitivamente no caminho da Revolução. 

Hoje foi enterrado o liberalismo econômico.

A Corporação opera no terreno econômico, como o Grande Conselho e a Milícia operaram no terreno politico! O corporativismo é uma economia disciplinada e portanto, controlada, pois não se pode pensar em uma disciplina sem o devido controle.

O corporativismo supera o socialismo e supera o liberalismo cria uma nova síntese. Há um fato sintomático, um fato sobre o qual não se refletiu bastante; a decadência do capitalismo, coincide com a decadência do socialismo!

Todos os partidos socialistas da Europa estão em farrapos.

Não falo somente da Italia e da Alemanha, mas também de outros países.

Evidentemente, não direi que estes dois fenômenos, dependem um do outro, considerados sob um ponto de vista estritamente logico; é evidente que existe entre eles uma simultaneidade de ordem histórica. Aqui está porque, a economia da corporação, surge num momento histórico determinado, isto é, quando os dois fenômenos concomitantes, capitalismo e socialismo, deram tudo o que podiam dar. De um e do outro herdamos tudo quanto tinham de vital. Repelimos a teoria do homem econômico, a teoria liberal e protestamos sempre que ouvimos dizer que o trabalho é mercadoria. O homem econômico não existe; existe o homem integral que é politico, que é econômico, que é religioso, que é santo, que é guerreiro.

Damos hoje um outro passo decisivo, no caminho da Revolução.

Justamente como afirmou o camarada Tassinari, uma revolução para ser grande, para dar um cunho profundo á vida histórica de um povo, deve ser social.

Examinando profundamente, vereis que a Revolução francesa foi uma revolução eminentemente social, porque destruiu tudo quanto subsistia da Idade Media, desde as peagens ás corveés; foi uma revolução social porque provocou uma alteração considerável em tudo o que diz respeito á distribuição de terras na França, criando milhões de proprietários que foram e constituem hoje uma das forças mais solidas daquele Pais. Ao contrario, qualquer um pode julgar ter feito uma revolução. A Revolução é uma cousa muito seria; não é uma conspiração de palácio, nem uma mudança de governo, nem a ascenção de um partido que suplanta outro partido.

Causa riso ao ler que, em 1876, a subida da esquerda ao poder, foi considerada como uma revolução.

Façamos por ultimo esta pergunta: O corporativismo pode ser aplicado em outros países ? Devemos formular esta pergunta porque a fazem em todos os países, aqueles que estudam e se esforçam para nos compreender. Dada a crise geral do capitalismo, não há duvida que por toda a parte, se impõe soluções de tipo corporativo; mas para aplicar o corporativismo pleno, completo, integral, revolucionário, ocorrem três condições.

Um partido único, que permita a ação da disciplina politica juntamente com a ação da disciplina econômica, que esteja acima dos interesses em jogo, e que seja um vinculo que uma a todos na mesma fé.

Isto porem, não basta. É necessário além do partido único, um Estado totalitário, isto é, um Estado que absorve para transformar e fortalecer todas as energias, todos os interesses, todas as esperanças de um povo.

Mas ainda não basta. Terceira, ultima e mais importante condição: é preciso viver um período de altíssima tensão ideal, como o que atualmente vivemos. 

Eis porque, passo a passo, daremos força e consistência a todas as nossas realizações, e transformaremos em fato toda a nossa doutrina. Como negar que O fosso período fascista é um período de alta tensão ideal? ninguém pode nega-lo. É este o tempo em que as armas são coroadas pela vitória. Renovam-se as instituições, redime-se a terra, fundam-se as cidades.

Tradução: Nélson Jahr Garcia

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