terça-feira, 29 de novembro de 2022

História do Corporativismo - Azevedo de Amaral



(Trecho do livro O Estado Autoritário e a Realidade Nacional, Azevedo de Amaral, cap. III)

A ideia corporativista, cujas origens históricas são remotas, não nos cabendo aqui examiná-las, reapareceu no mundo contemporâneo há muitos decênios em consequência de fatos de duas categorias. Preliminarmente deve-se lembrar que as organizações corporativas, destruídas em França pela revolução de 1789 e desaparecidas nos países latinos pela repercussão que neles teve a grande crise francesa do século XVIII, nunca haviam cessado de existir na Inglaterra. 

Nos últimos anos do século passado e mais acentuadamente no princípio do atual, a história, do período medieval começou a ser feita de modo muito mais sério que até então. Em torno daquela época se haviam formado ideias errôneas, convergentes todas para a conclusão de que a Idade Média fora apenas um período de, superstição, de ignorância, de peste, lepra, queima de feiticeiras e outras coisas, que se enquadravam em um conjunto sinistro de obscurantismo, crueldade e sofrimento humano. Hoje, somente ignorantes repetem essas calúnias acerca de uma das fases da história do Ocidente que, sob vários pontos de vista, contém as expressões mais nobres e mais enérgicas do gênio da Europa. Entre as descobertas que a pesquisa erudita do último meio século veio pôr em foco, uma das mais interessantes sem dúvida é a concernente à organização da economia medieval. 

Em muitos dos seus aspectos e, particularmente, no sentido que a orientava, a economia medieval foi organizada de modo mais humano e mais inteligente do que ocorreu no período da pós-renascença e, sobretudo, no de transição do início do grande capitalismo, começada com a revolução industrial do século XVIII. O eixo daquela organização econômica, que corresponde de um modo tão curiosamente preciso às mais modernas e avançadas ideias do economismo social contemporâneo, era a corporação profissional. O individualismo que se vem expandindo desde a Renascença, hipertrofiando-se até culminar nos excessos do “laissez faire” manchesteriano, obliterou por tal forma o conceito da solidariedade econômica coletiva, que o século XIX, entre as suas mais graves heresias, incluiu a ideia de que a corporação medieval era um fóssil sociológico, ao qual se devia atribuir a lentidão do progresso econômico da Idade Média. Nas páginas do livro de Henri de Man a que acima aludimos, está contida réplica adequada a essa opinião tão infundada, mas que foi repetida como matéria de fé até os primeiros anos do século XX. 

O despertar do interesse histórico pelo corporativismo medieval havia sido precedido, de algumas dezenas de anos, pela eclosão do moderno sindicalismo. As Trade Unions inglesas, desde meados do século XIX, se tinham tornado não somente poderosos instrumentos de defesa de classe, como pouco a pouco haviam desenvolvido atividades políticas, assegurando a eleição parlamentar de representantes sufragados pelo voto dos seus membros. Em França, a reação contra o anti-corporativismo, no período da grande revolução, crescera até impor, em 1884, o reconhecimento legal dos sindicatos. O mesmo acontecia em outros períodos europeus e, nos Estados Unidos, a organização corporativa progredia também, encaminhando-se para ter como expressão máxima da sua força uma formidável associação, a American Federation of Labour. Ao mesmo tempo irrompia um movimento intelectual com múltiplas correntes, variando desde o preconício romântico do restabelecimento do “guild” medieval puro e simples, até o de formações com caráter acentuadamente anarquista. O sentido de todas essas tendências aparece, na sua expressão máxima, através da obra de George Sorel, que marcou o ponto de partida de uma nova fase na orientação filosófica das correntes coletivistas modernas.

Ao lado desses fatores preponderantemente culturais, aos quais se juntavam, é claro, as razões de ordem econômica e política, surgiram determinantes da renascença do corporativismo, promanadas exclusivamente de imperiosos motivos de natureza econômica. A expansão incessante do individualismo, estimulado pelas ideias liberais e constituindo mesmo um dos elementos inerentes à essência do regime democrático-liberal, precipitou a ação de causas, que na lógica do seu encadeamento conduziram as nações ocidentais e depois outros países do mundo a uma situação em que todas se viram defrontadas pela perspectiva do comunismo revolucionário e destrutivo. Como alternativa a essa ameaça, que atingia nas suas possibilidades os próprios fundamentos da civilização irradiada da Europa, o surto do neocapitalismo caracterizado pela produção em massa, tornada possível pelos enormes e incessantes aperfeiçoamentos da técnica mecânica das indústrias, podia sem dúvida oferecer uma alternativa salvadora.

Condições inerentes à própria natureza essencial do capitalismo da produção em massa vieram anular o valor teórico e o alcance prático da doutrina de Marx sobre o caráter irredutível da luta entre o capital e o trabalho. Em vez de um conflito perpétuo e cada vez mais acentuado entre empregados e empregadores, o que veio a ocorrer em consequência do surto do grande capitalismo da produção em massa foi a identificação dos interesses do operariado e do patronato. O trabalho, que a economia clássica, nos termos das bem conhecidas ideias de Ricardo, encarava como uma mercadoria pela qual o empregador tinha interesse em pagar o mínimo possível, apareceu, no jogo da economia contemporânea, com um aspecto que o famoso elaborador da teoria do fundo de salário não pudera imaginar. 

No sistema da produção em massa, os trabalhadores formam em conjunto a melhor parte do mercado consumidor da produção. Em tais circunstâncias, longe de ter interesse em pagar salários baixos, o patronato tem necessidade de elevar ao mais alto nível possível a remuneração dos seus empregados, a fim de que, em um regime de salário alto e generalizado, aumente proporcionalmente o poder aquisitivo do mercado que deve absorver a formidável massa de artigos produzidos. Assim, o castelo teórico, edificado por Marx sobre a base efêmera de uma experiência econômica limitada à situação da Inglaterra de meados do século passado e que se articulava todo em torno de ideias econômicas, tornadas mais tarde obsoletas, ruiu fragorosamente. O marxismo não foi destruído pela argumentação dos seus adversários. Caiu por terra sob a pressão irresistível dos progressos da técnica industrial, que tornaram possível a produção em massa. 

Mas se o marxismo, que os fascistas dizem estar hoje empenhados em combater quando ele já se acha há muito morto e mumificado como um fóssil sociológico, desapareceu no conjunto dos problemas da vida moderna com o surto do neocapitalismo, outras questões persistiam, exigindo soluções novas. Um dos efeitos da expansão do capitalismo da produção em massa foi o deslocamento da ação do capital da esfera individualista, que lhe fora circunscrita na órbita traçada por Adam Smith e os seus imediatos continuadores, órbita fechada em configurações ainda mais rígidas pelo comunismo dos dias de Richard Cobden, que levaram as ideias do fundador da economia clássica até limites que o autor da “Wealth of Nations” nunca previra. Dessa esfera, em que o individualismo tresloucado dos fanáticos liberais da escola de Manchester destituíra o jogo das forças econômicas dos elementos humanos e éticos, tão claramente perceptíveis nas ideias de Adam Smith, a ação do capital foi transferida para um plano de cooperação corporativista, de que o trust se tornou o órgão característico.

O capitalismo corporativo surgira, porém, com diretrizes traçadas exclusivamente por preocupações inerentes aos interesses particulares dos grupos que se associavam nos trusts. A estrutura do liberalismo econômico desconjuntara-se, não podendo resistir à ação contraditória dos egoísmos individuais com que a tinham argamassado os utopistas do laissez faire. A organização das corporações capitalistas foi imposta pelas necessidades econômicas, que exigiam a correção dos efeitos ruinosos do esbanjamento de energias em uma concorrência desbragada e de outros aspectos de desorganização anarquisante da produção e da distribuição, operadas em um regime de individualismo sem limites.

Esboçava-se, contudo, um perigo novo e, sob certos pontos de vista, não menos grave que a confusão precipitada pelos excessos da economia liberal. O capital organizava-se em formações próprias, ao mesmo tempo que o trabalho consolidava e aumentava a eficiência econômica e política das suas corporações Era a perspectiva de uma luta industrial, em que forças igualmente poderosas e temíveis, e ambas organizadas para se defrontarem, iriam empenhar-se em conflitos, cuja repercussão sobre a economia das coletividades nacionais e sobre a segurança dos Estados poderia acarretar efeitos destrutivos de incalculável alcance.

Foi da previsão das possibilidades do conflito entre as combinações capitalistas e as corporações trabalhistas que surgiu a ideia de uma renovação profunda do conceito do Estado, para elaborar em torno de organizações estatais, preparadas para intervir com eficácia na esfera econômica, um sistema corporativista de produção e de distribuição da riqueza. Essa ideia, que o legislador constituinte brasileiro introduziu como uma das finalidades do Estado Novo organizado pelo estatuto de 10 de Novembro, não é portanto nada que constitua uma característica do regime fascista. Aliás, ninguém melhor que um fascista, o insuspeitíssimo G. de Michelis (13), estudou e focalizou o caráter universal das causas e tendências do corporativismo contemporâneo, por forma a tornar inadmissível a opinião de que a adoção de um sistema de economia corporativa e a fisionomia corporativista de um Estado indiquem qualquer afinidade com as doutrinas do fascio. 

Mas antes de deixarmos este assunto, ao qual teremos entretanto de voltar em um dos capítulos ulteriores, cumpre-nos fazer uma observação de grande relevância. Longe de poder ter a seu crédito a criação do Estado corporativo, o regime fascista corrompeu, desvirtuou e anulou na Itália o sentido da organização corporativista. O princípio sobre o qual se baseia a ideia do Estado corporativo é o da representação da sociedade por meio dos órgãos que constituem os núcleos dos grupos econômicos e profissionais. De acordo com esta teoria, é dos sindicatos que devem partir, para convergirem no Estado, as expressões múltiplas das correntes que formam, no seu conjunto, a vontade nacional e podem ser consideradas como autênticas forças representativas da nação. 

Na Itália, a índole ditatorialista do sr. Mussolini e a fisionomia ultra-estatista da organização fascista inverteram o sentido do corporativismo. Em vez do Estado ser a expressão orgânica e dinâmica da nação, que nele atua através dos órgãos representativos das suas atividades econômicas e espirituais, tornasse a única realidade o propulsor exclusivo do dinamismo nacional, que é apenas um reflexo da vontade despótica do detentor da maquinaria estatal. O sindicato não é ,o núcleo donde promana para o Estado a energia da vontade nacional. E apenas um tentáculo burocrático, por meio do qual o Estado exerce o seu poder arbitrário dos múltiplos setores da nacionalidade comprimida e asfixiada nas malhas da organização totalitária. 

Felizmente a organização corporativa da economia nacional, preceituada como uma das finalidades primaciais do Estado Novo nos termos da letra a) do art. 61 da Constituição, nada tem de comum com o corporativismo espúrio que se encontra no regime fascista. 

 


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O Estado Corporativo e Sua Organização (I-X) - Carta del Lavoro

(Carta Del Lavoro, Aprovada no Grande Conselho Fascista, de 21 de abril de 1927)

O ESTADO CORPORATIVO E SUA ORGANIZAÇÃO 

I. 

A Nação Italiana, é um organismo, que tem fins, vida, meios de ação superiores aos dos indivíduos isolados ou agrupados que a compõe. É uma unidade moral, politica e econômica, que se realiza integralmente no Estado fascista. 

"Os conceitos contidos nesta Declaração referem-se á organização do Estado corporativo fascista. O fortalecimento da autoridade do Estado, é justificada pela consideração de que o Estado representa a vontade politica nacional, que é soberana, porque os fins que se propõe alcançar, constituem a expressão da mais alta consciência moral dos cidadãos. A organização sindical-corporativa, é justificada pela consideração de que a Nação resulta também da atividade econômica dos cidadãos e esta atividade deve encontrar uma sistematização na organização jurídico politica do Estado, por meio de órgãos apropriados, segundo o caráter da economia moderna. Estes órgãos são os sindicatos, que representam a categoria isolada, e as corporações que representam mais categorias que concorrem para uma atividade econômica."

II. 

O trabalho, em todas suas formas organizativas e executivas, intelectuais, técnicas, manuais, é um dever social. Devido a isso, ele é tutelado pelo Estado. Sob o ponto de vista nacional o conjunto da produção é unitário; seus objetivos são unitários e resumem-se no bem estar dos indivíduos e no desenvolvimento do poder nacional.

"O primeiro período desta Declaração, contem um principio, que sendo do mesmo gênero, deriva dos que estão encerrados na la. Declaração. O art. 44, lett. b), das Normas de atuação (Decre. n. 1130 de 1° de julho de 1926) a Lei n. 563, de 3 de abril de 1926, que é a lei fundamental da organização sindical fascista, estabelece que os órgãos corporativos têm entre outras a função "de promover, encorajar e subsidiar todas as iniciativas, tendentes a coordenar e melhor organizar a produção". É também de competência do Conselho Nacional das Corporações, dar pareceres "sobre a atividade dos órgãos e institutos corporativos para os fins do incremento, da coordenação e aperfeiçoamento da produção" (art. 10, n. 5, da Lei n. 206 de 20 de março de 1930). O poder de elaborar normas para a disciplina unitária da produção, foi atribuído ás Corporações (art. 8 da Lei, n. 163 de 3 de fevereiro de 1934)."

III.

A organização sindical ou profissional é livre. Mas só o sindicato legalmente reconhecido e submetido ao controle do Estado, tem o direito de representar legalmente a categoria de empregadores e trabalhadores, em virtude da qual foi constituído: de defender seus interesses perante o Estado e ás demais associações profissionais; de celebrar contratos coletivos de trabalho, obrigatórios para todos os membros que pertencem á referida categoria, de impor-lhes contribuições, e de exercer com relação aos mesmos, funções delegadas de interesse publico.

"Estas leis estabelecem:

1) Pode-se constituir um ou mais sindicatos, para cada categoria, mas o Estado reconhece a personalidade jurídica prevista por estas leis, só ao sindicato que possuir determinados requisitos; 

2) A personalidade jurídica, segundo estas leis, não é simplesmente uma personalidade jurídica de direito privado, que permite possuir e comparecer em juízo, mas é uma personalidade jurídica de direito publico em virtude da qual, se atribui ao sindicato o poder de representar todos os membros pertencentes á categoria, mesmo si estes não são inscritos no sindicato, nas relações com as outras categorias e com o Estado; de celebrar contratos coletivos, que são validos também para aqueles que não são inscritos, mediante a força de uma lei geral; de representar a categoria no exercício de direitos públicos, como a representação nos vários órgãos econômicos e políticos do Estado; de exercer em relação aos representantes algumas funções que seriam de competência do Estado, e que o Estado delega ao sindicato. Isto explica porque essa personalidade jurídica só pode ser concedida a um único sindicato."

IV.

A solidariedade dos diversos fatores da produção, encontra sua expressão concreta no contrato coletivo de trabalho, obtida pela conciliação dos interesses opostos dos empregadores e dos trabalhadores, e pela sua subordinação aos interesses superiores da produção.

"Quando estabelecem as condições de trabalho os sindicatos dos empregadores e dos trabalhadores devem uniformar-se ás possibilidades econômicas da sua indústria e á situação econômica nacional: estas possibilidades e esta situação são averiguadas tecnicamente por meio de dados precisos fornecidos pelos sindicatos, pelo Ministério das Corporações ou pelo Instituto Central de Estatística. 

Todo o contrato estipulado pelos sindicatos fica depositado junto aos órgãos corporativos provinciais ou ao Ministério das Corporações (conforme o contrato, provincial ou nacional), porque os referidos órgãos do governo, devem controlar os contratos para que sejam respeitadas as mínimas garantias do trabalho, estabelecidas pelo Código do Trabalho (Declaração, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX). 

O contrato é publicado em seguida, na folha dos anuncios legais da Província, ou na Gazeta Oficial das Leis do Reino, e desse momento, entra em pleno vigor. Já se verificou o caso em que, um empregador e um operário, foram condenados pelo Tribunal, porque o primeiro tinha oferecido e o segundo aceito, um salario inferior ao estabelecido pelo contrato de trabalho da sua categoria."

V.

A Magistratura do Trabalho, é o órgão pelo qual o Estado, intervém para regularizar as controvérsias do trabalho, quer se refiram á observância das convenções, e de outras normas existentes, quer á determinação de novas condições de trabalho.

"Não se trata de uma Corte arbitral, mas de uma verdadeira magistratura: de fato, consiste em uma seção da Corte de Apelação, composta de um Presidente, de dois conselheiros, e de dois cidadãos peritos, nas questões relativas ao trabalho. Estes peritos são escolhidos para cada causa, pelo Primeiro Presidente da Corte de Apelação, em um álbum onde eles estão inscritos, que é examinado de dois em dois anos, e que é constituído segundo as indicações do Conselhos Provinciais das Corporações. Os peritos não devem ter interesse pessoal pela causa que deverão julgar. Eles fazem parte integrante do colégio julgador. 

A Magistratura do Trabalho, pode ser chamada para decidir uma questão de interpretação de um contrato coletivo, ou intervém quando as partes não conseguem fazer um contrato, porque não concordam com alguma das clausulas como por exemplo: a relativa ao salario. 

Pode também recorrer á Magistratura do Trabalho, toda a categoria que ainda não foi constituída em sindicato, para que sejam estabelecidas suas condições de trabalho; neste caso, a Magistratura nomeia um curador da categoria, para representar seus interesses. 

A Magistratura emite uma sentença, nas questões pelas quais se interessa, que é obrigatória para todos, como um contrato coletivo, depositado e publicado."

VI.

As associações profissionais legalmente reconhecidas, asseguram a igualdade jurídica entre os empregadores e os trabalhadores, mantêm a disciplina da produção e do trabalho e fomentam seu aperfeiçoamento. 

As Corporações constituem a organização unitária das forças da produção e representam integralmente seus interesses. 

Devido a esta representação integral, sendo os interesses nacionais, interesses da produção, as Corporações são reconhecidas pela lei, como órgãos do Estado. Como representante dos interesses unitários da produção, as Corporações podem ditar normas obrigatórias, sobre a disciplina das relações de trabalho e sobre a coordenação da produção, sempre que tenham sido devidamente autorizadas pelas associações coligadas.

"As três frases seguintes, afirmam diretrizes que são realizadas juridicamente pelas leis acima citadas e pelas seguintes: Lei n. 206, de 20 de março de 1930, e Decreto n. 908, de 12 de maio de 1930; Decreto do Chefe do Governo, de 27 de janeiro de 1931; Lei n. 163, de 5 de fevereiro de 1934."'

VII.

O estado corporativo, considera a iniciativa privada no domínio da produção, como o instrumento mais eficaz e mais útil ao interesse da Nação. 

Sendo a organização privada da produção, uma função de interesse nacional, o organizador da empresa é responsável perante o Estado, da orientação da produção. A colaboração das forças produtivas, cria entre estas forças, uma reciprocidade de direitos e de deveres. O trabalhador em geral, seja técnico, empregado ou operário, é um colaborador ativo da empresa econômica, cuja direção está a cargo do empregador, que é o responsável.

"Devido a esta responsabilidade, cabe ao empregador a direção da empresa. Mas isto não impede que o trabalhador seja reconhecido como um colaborador ativo da empresa, que sem ele não poderia viver. 

O empregador, goza de plena liberdade na gestão de sua empresa, mesmo perante o sindicato ao qual pertence e que o representa: de fato, o art. 22 do Decreto de 1° de julho de 1926, n. 1130, estabelece que "as associações sindicais não podem exercer ingerência de espécie alguma na gestão administrativa, técnica, e comercial das empresas, sem o consenso de seus sócios."

VIII.

As associações profissionais de empregadores, têm o dever de assegurar por todos os meios, o aumento da produção, o aperfeiçoamento dos produtos, e a redução dos preços. A representação dos que exercem uma profissão livre ou uma arte, e as associações dos funcionários públicos, concorrem para a salvaguarda dos interesses da arte, das ciências e das letras, para o aperfeiçoamento da produção, e realização dos fins Moraes do regímen corporativo.

"As funções das associações profissionais, são estabelecidas nos estatutos de cada sindicato."

IX.

A intervenção do Estado na produção econômica, verifica-se unicamente, quando falte ou seja insuficiente a iniciativa privada, ou quando estejam em jogo, interesses políticos do Estado. Esta intervenção pode assumir o aspecto de um controle, de um encorajamento, ou de uma gestão direta.

"A intervenção do Estado, até agora, se realizou em diversos campos, e sob vários aspetos, mas sempre devido á razões de alto interesse publico. São típicos os casos, que se verificaram no domínio agrícola: alguns proprietários que não cuidaram do cultivo da terra, perderam o direito de administra-la, embora continuem sendo os legítimos proprietários. A administração da terra, foi confiada a outros, com o objetivo de obter os frutos que ela pode dar.

O Decreto n. 1670, de 31 de dezembro de 1931, autoriza ao Ministério das Corporações, a criação de consórcios obrigatórios, entre os que exercem vários ramos da indústria siderúrgica. 

O Decreto n. 1296, de 16 de abril de 1936, conferiu ás Corporações a fiscalização dos consórcios voluntários. O Decreto Lei n. 848, de 14 de janeiro de 1937, atribuiu ás Corporações, o poder de autorizar a abertura de novas instalações industriais e a ampliação das instalações existentes. O Decreto n. 523, de 28 de abril de 1937, atribuiu ás Corporações o controle dos preços. O Decreto Lei n. 375, de 12 de março de 1936, estabeleceu que todas as empresas que administram as economias do publico e exercem o credito, estão submetidas a um órgão do Estado, denominado "Inspetoria da defesa, da economia e do exercício do credito".

Há um Decreto que disciplinou a intervenção do Estado, na indústria das construções navais, de capital importância nacional. 

Outras formas de intervenção são constituídas pela criação de institutos ou empresas, destinados a ramos especiais da produção, de grande interesse para a economia nacional como a hidrogenação dos combustíveis para os minerais e o carvão de pedra; nestes institutos o Estado participa com ações, ou com outras formas de intervenção.

Outras medidas estabelecem o controle do Estado, no comercio com o estrangeiro, nos câmbios, na cessão de divisas monetárias, no comercio do ouro."

X.

Nos casos de controvérsias coletivas de trabalho, não pode ser intentada ação judicial, sem que primeiro o órgão corporativo tenha tentado a conciliação. Nas controvérsias individuais, concernentes á interpretação e á aplicação do contrato coletivo de trabalho, as associações profissionais, têm a faculdade de intervir em prol da conciliação. 

Essas controvérsias são de competência da magistratura ordinária, que julga com o concurso de assessores designados pelas associações profissionais interessadas.

"A tentativa de conciliação é obrigatória, para os órgãos que deverão resolver e conciliar as controvérsias. 

Se as controvérsias individuais, não puderam ser conciliadas pelos sindicatos, são levadas perante o juiz ou o Tribunal, assistidas pelos peritos, como nas controvérsias coletivas (Lei n. 1073, de 21 de maio de 1934)."



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Padre Justin Pârvu sobre o Movimento Legionário: "Não vamos enterrar a cultura e a espiritualidade de nossa nação!"

 

Os iniciadores do Movimento Legionário foram antes de tudo cristãos exemplares, modelos de sociedade. Eles trouxeram uma grande contribuição para a nação e para a Igreja durante esse período. Eles restauraram a vida eclesiástica e espiritual do povo, porque havia alguma decadência. Eles mantiveram uma chama ardente de oração, eles mantiveram um espírito vivo de sacrifício e sacrifício, de humanidade. Esses jovens não perseguiam objetivos políticos, mas apenas buscavam elevar a nação nos moldes da Igreja. Não se tratava de nenhum erro, de colocar a nação acima da Igreja, mas apenas de trazer a nação para dentro da Igreja, e as mentes mais altas de nossa cultura e espiritualidade da época, que agora estamos enterrando, contribuíram para essa consolidação.

Eles conseguiram dar ao camponês um pão mais barato, esse era o objetivo deles. Além disso, tiveram um papel muito importante na contenção do comunismo. Por exemplo, em 1920, quando a bandeira vermelha foi ancorada em Iaşi, acima das oficinas de Nicolina, ao lado da fotografia de Marx, Codreanu se levantou e jogou aquele pano vermelho de lá. Então muitos jovens se juntaram ao movimento legionário. Foram muitas as manobras estrangeiras que introduziram a corrupção em nosso país, principalmente dos russos e dos judeus, que controlavam a imprensa, a educação e o comércio. Os legionários não tinham nada a ver com o próprio povo judeu. De fato, havia muitos simpatizantes judeus do Movimento, e o próprio Radu Gyr fundou o Teatro Judaico. Mas eles se levantaram contra eles quando atacaram nosso território romeno.

A política sempre foi como o paganismo contra o qual o Cristianismo lutou ao longo dos séculos, desde os seus primórdios. Como então, como também disse São Justino, o Mártir e o Filósofo, o cristão deve renunciar às imoralidades pagãs, aprender a lei cristã, conhecer a verdadeira filosofia, cultivar as qualidades da alma e aplicá-las praticamente na vida cotidiana todos os dias. Assim fez o Movimento Legionário, e o bom Deus coroou com o martírio seu sincero trabalho. Claro, quem ganhou escreveu a história e a escreveu do jeito que quis, transformando os legionários em terroristas, nazistas, anti-semitas. Sabe-se que havia uma relação amigável entre Codreanu e o rabino-chefe da Romênia, que ficou muito impressionado com a personalidade do capitão, e eles conversaram. O capitão era até contra o nazismo. Sabe-se que quando eles queriam comprar um carro, Codreanu mandou seus companheiros comprarem um carro estrangeiro, mas não alemão. Ele não compartilhava do espírito egoísta do nazismo. Não fosse o movimento legionário, teríamos tido o mesmo destino dos sérvios, pois foram dizimados pelos alemães, com a proteção do papado com tudo. Basicamente, tanto os russos quanto os alemães eram estados com uma forte doutrina ateísta.

Os jovens romenos, simpatizantes ou membros do Movimento Legionário, foram os únicos na Europa que se levantaram abertamente contra o comunismo. Levantaram-se contra os abusos totalitários e os pecados promovidos pela doutrina comunista, com todas as suas injustiças e pragas. Esses jovens irritaram muito a Maçonaria, os inimigos do cristianismo, e despertaram toda a Europa de seu sono.

Esses mártires ficam desconfortáveis ​​mesmo depois da morte. Mas todos eles acabarão diante do julgamento e verão a quem pertenciam a verdade e a justiça. Se aqui na terra eles não puderam ser convencidos nem com nossos sacrifícios, eles serão convencidos além com a decisão de Deus. Passa de mim porque não te conheço...

Esses mártires que faziam parte do Movimento Legionário não tinham nada em comum e nada a ver com o hitlerismo. Eles agora são acusados ​​de fascismo justamente para desacreditar o movimento, mas todas as grandes pessoas culturais da Romênia daquele período apoiaram esse movimento. Não estamos interessados ​​na questão política. Esses jovens foram presos especialmente por suas crenças religiosas que poderiam influenciar as massas cristãs...

(Texto retirado do livro "Dos ensinamentos e milagres do Padre Justino" , Fundação Justin Pârvu)

Fonte: https://www.atitudini.com/2015/03/parintele-justin-parvu-despre-miscarea-legionara-sa-nu-ingropam-cultura-si-spiritualitatea-neamului-nostru/

sábado, 12 de novembro de 2022

O que é então o Individualismo? - Mario Palmieri


(Capítulo I do Filosofia do Fascismo, 1936, de Mario Palmieri)

O individualismo é a negação da unidade fundamental que está na raiz do Ser e que subjaz a todo o mundo do homem; é a negação do princípio da Autoridade que reconecta, por etapas intermediárias, o indivíduo fugaz à fonte externa de justiça e poder; é a negação daquele princípio de Liberdade que pode ser verdadeiramente digno de seu nome quando liberta o homem da tirania de suas necessidades, seus desejos e suas vontades, e o faz escolher – por sua própria vontade – A busca por um sentido de vida terminou ao mesmo tempo com a descoberta de que o indivíduo é o centro de todo o universo e que este universo nada mais é do que um campo de jogo pronto para a expressão de sua personalidade. o que é mais valioso do que a satisfação dos sentidos; é a negação do princípio do Dever que é o fundamento do mundo moral e a afirmação em seu lugar do princípio dos Direitos – O individualismo, afirmando-se e triunfando assim acima de qualquer outra concepção de vida, gradualmente levou a humanidade através do governo democrático, negócios competitivos, propriedade aquisitiva, riqueza hereditária, guerra econômica individual, luta de classes sociais e guerras nacionais, a um estado de coisas do qual já é possível visualizar o resultado – esse resultado profetizado tão claramente e com tanta força por Oswald Spengler em “O Declínio do Ocidente”. aqueles direitos que são a fonte perene de todos os males e males humanos; é a negação da essência espiritual do homem e a afirmação de que o que é primordial para o homem é seu bem-estar material, econômico ou corporal e que esse bemestar vale o sofrimento, a desgraça ou a morte de qualquer outro ser; é a glorificação de cada indivíduo como centro e senhor de todo o universo e apoteose, consequentemente, de suas necessidades, paixões e desejos individuais; é, finalmente, o triunfo das faculdades de raciocínio da mente sobre os poderes místicos da alma. 

É assim que, se o Renascimento deve ser entendido corretamente, o significado sinistro e a influência maligna do Individualismo devem ser integrados e integrados a esse quadro complexo preenchido pelo nascimento da ciência experimental, o renascimento da arte, e o renascimento dos estudos clássicos. É assim que, guiado pelos princípios de uma filosofia de vida tão fatal, o homem deixou de se preocupar com o grande além, com os ideais da ética, com o triunfo da lei e da justiça, com o sonho da salvação, com visões de grandes feitos do espírito. 

Com o advento dos tempos modernos, o homem tornou-se primordial e acima de tudo preocupado com seu próprio bem-estar e, como a crença na alma foi finalmente destruída pelas descobertas mal interpretadas da ciência, esse bem-estar significava no final apenas e simplesmente o bem-estar de seu próprio corpo.

A busca por um sentido de vida terminou ao mesmo tempo com a descoberta de que o indivíduo é o centro de todo o universo e que este universo nada mais é do que um campo de jogo pronto para a expressão de sua personalidade. 

O individualismo, afirmando-se e triunfando assim acima de qualquer outra concepção de vida, gradualmente levou a humanidade através do governo democrático, negócios competitivos, propriedade aquisitiva, riqueza hereditária, guerra econômica individual, luta de classes sociais e guerras nacionais, a um estado de coisas do qual já é possível visualizar o resultado – esse resultado profetizado tão claramente e com tanta força por Oswald Spengler em “O Declínio do Ocidente”.

Visto, portanto, à luz da influência perniciosa exercida pela filosofia de vida que lhe deu origem, o Renascimento perde a maior parte de seu apelo glamoroso e continua a significar, na palavra de Gentile:

“A era do Individualismo que levou o povo, através dos sonhos esplêndidos da arte e da poesia à indiferença, ao ceticismo e à sórdida preguiça de homens que nada têm a defender fora de si mesmos, nem na família, nem na pátria, nem na o vasto mundo onde cada personalidade humana, consciente do seu próprio valor e da sua própria dignidade, tem as suas verdadeiras raízes. Isso porque o indivíduo não acreditava em nada que pudesse transcender o jogo despreocupado e feliz de sua própria imaginação criativa. . . . O homem, subitamente consciente de sua grandeza, pede liberdade; e, como indivíduo particular, ele se considera merecedor daquele valor infinito que pertence apenas à vida do espírito”.

A Renascença teve seu dia de glória e então, como todas as coisas mortais, tornou-se coisa do passado; mas o homem, embriagado com sua liberdade recém-descoberta, impulsionado por seus instintos e suas necessidades fisiológicas, levava a cabo a tarefa diária de viver cada vez mais implacável, implacável, atropelando os corpos e as almas de seus companheiros menos dotados e menos poderosos. seres; satisfeito com a ordem existente das coisas, forjando para si teorias materialistas, positivistas, pragmáticas, para explicar os fatos como ele deseja que sejam explicados.

Só ultimamente é que uma sensação dolorosa da futilidade de todos os esforços humanos e uma dúvida torturante sobre a validade do Individualismo como a verdadeira resposta aos problemas da vida começaram a lançar sua sombra sinistra por toda a extensão do mundo ocidental. 

Todo um reino de valores que o homem havia estabelecido para si mesmo como coisas de valor supremo, e para cuja realização ele estava pronto para lutar e sofrer, perdeu gradualmente o apoio de sua fé e foi engolido por aquele mar de pessimismo e desespero. que submergindo a própria vida da humanidade.

A questão deve ser levantada então – e é extremamente oportuno que seja levantada agora – se o Individualismo representa a verdadeira resposta à busca do homem pela filosofia de vida correta.

É da própria natureza do homem, de fato, que ele não pode ficar muito satisfeito com a suposição de que a vida do espírito termina com a preocupação com o bem-estar corporal do indivíduo, e que, portanto, para ele não resta outra coisa senão comer e beber e gerar outros filhos que, por sua vez, comerão e beberão e terão filhos, para que a repetição desse ciclo aparentemente perpétuo de nascimento, vida, morte e renascimento nunca chegue ao fim. 

E porque ele não pode ficar satisfeito com essa suposição, todo sistema de vida individual e social baseado na verdade da animalidade fundamental do homem está inevitavelmente fadado ao fracasso.

Tal sistema só pode enfatizar as reivindicações do indivíduo para completar a auto-expressão e fazer dessas reivindicações o objetivo mais elevado e o verdadeiro fim da vida. Mas as reivindicações de um indivíduo precisam entrar em conflito com as reivindicações de outro; a vida de um ser precisa estar em guerra com a vida do todo para que essas reivindicações sejam triunfantes; e esforços devem ser feitos para romper o laço invisível que une os destinos de todos os homens, se a vida de um for colocada contra a vida de outro; toda uma série interminável de males surge, em suma, sempre e onde quer que o Individualismo triunfe como filosofia e modo de vida.

Vê-se assim claramente que as condições que possibilitaram o surgimento do fascismo surgiram das concepções básicas sobre as quais se baseia a vida moderna do mundo ocidental. Essas condições não são peculiares a uma nação, mas a todas as nações. 

É a atual concepção materialista, mecanicista e individualista da vida, com sua negação da essência espiritual do homem e com sua assunção de um universo sem Deus no qual o homem está sujeito a apenas uma regra: a regra de sua natureza animal, que preparou o solo para a ascensão do fascismo. 

É o aparente fracasso de todos os esforços humanos por uma vida melhor, a aparente impossibilidade de trazer alguma forma de ordem do presente estado de caos e impedir a queda profetizada da civilização ocidental; é a percepção de que o homem, deixado livre para satisfazer seu desejo de poder, sua ganância de ouro, seu amor pelos sentidos, sua adoração à força, é um ser lamentável e desprezível; e é, finalmente, a visão de que uma vocação superior deve ser a verdadeira herança do homem, que trouxe o nascimento do fascismo.

É o fato de que o homem perdeu a fé em si mesmo, o fato de que não pode obter nenhum apoio de seu mundo interior e que se vê compelido a tatear em busca de ajuda no mundo exterior; é o fato reconhecido de sua triste decadência moral, em suma, que possibilitou o triunfo do fascismo.

E, finalmente, é a crescente complexidade das relações humanas em todos os campos: o social e o moral, o econômico e o espiritual, e a crescente dependência do indivíduo em relação a seus semelhantes e à sociedade como um todo. , que constituem a razão de ser do fascismo. 

Nada poderia ser mais falacioso, portanto, do que a convicção geral de que o processo histórico que possibilitou o desenvolvimento do fascismo e foi, de certa forma, a condição primária de seu nascimento, é uma experiência puramente localizada de uma nação: a nação italiana. As condições das quais o fascismo surgiu foram, e ainda são, condições que se perpetuaram no tempo, devem criar uma demanda crescente para a aplicação generalizada dos princípios universais do fascismo.

Se é verdade que “historia magistra vitae”, então a lição que a história ensina também deve ser verdadeira: a lição, a saber, que a experiência de vida do mundo ocidental é uma experiência unificada, que qualquer o desenvolvimento está fadado a afetar este mundo ocidental em todas as suas partes, e que toda a estrutura da civilização ocidental está fadada a permanecer ou cair junto. 

É assim que, se em suas manifestações imediatas de novo sistema social, nova forma de organização política e econômica e nova teoria de governo, o fascismo parece ser um produto de sua época e daquele país particular em que nasceu; em sua expressão transcendente – aquela expressão de um fenômeno da atividade do espírito que é o único de valor último – o fascismo está além das limitações de tempo e espaço; suas raízes estão nas profundezas do Ser, suas flores no reino do Devir. 

Essas duas formas de fascismo: o aspecto superficial de suas manifestações imediatas e o aspecto mais profundo de sua expressão última correspondem de certa forma à noção atual que o mundo em geral tem sobre o fascismo e ao conhecimento interior adquirido por aqueles que se preocuparam com a descoberta da ideia por trás do fato, da verdade abaixo do artifício, da realidade além da aparência. 

Não é incomum ouvir, de fato, que o fascismo é apenas uma mudança do sistema social e político de uma nação, ou a revolta da classe média, ou a organização dos grupos capitalistas, ou a dominação da casta militarista; também a ferramenta do despotismo, o produto da reação, a criatura da ditadura, o instrumento da violência brutal e incontinente e, finalmente, a nêmeses da liberdade.

Mas todas essas definições falham em apreender a verdade central do fascismo. Eles colocam em relevo distorcido alguns dos aspectos transitórios do fenômeno, mas não esclarecem seus elementos permanentes e universais, isto é, aquele núcleo interno do fascismo que só tem significado e valor para todo o mundo dos homens.

O fascismo é algo mais, algo indefinidamente maior do que a ditadura tirânica sobre as almas e corpos dos homens, algo de importância mais profunda do que uma nova forma de organização econômica ou uma mera mudança do sistema social e político de uma nação. 

 
 



 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O que é Mammonismo? - Gottfried Feder


A doença de nossa época é chamada de Mammonismo.

O Mammonismo é o reino sinistro, invisível e misterioso do grande internacional poder do dinheiro. O Mammonismo, no entanto, também é uma mentalidade; é a adoração destes poderes do dinheiro por parte de todos aqueles que estão infectados com o veneno mammomístico. O Mammonismo é a hipertrofia ilimitada do - em si saudável - impulso humano para aquisição. Mammonismo é o desejo por dinheiro transformado em uma loucura, que não conhece objetivo maior do que empilhar dinheiro em cima do dinheiro, que busca com brutalidade inigualável coagir todas as forças do mundo a seu serviço, e deve levar à escravidão econômica, à exploração do potencial de trabalho de todos os povos do mundo. Mammonismo é a mentalidade que levou a um declínio de todos os conceitos morais. Mammonismo considerado mundialmente fenômeno deve ser equiparado ao egoísmo brutal e implacável do homem. Mammonismo é o espírito de ganância, de desejo ilimitado de governar, da mentalidade inteiramente focada em apreender os bens e tesouros do mundo; é em seu cerne a religião do tipo humano puramente orientado para o mundo.

O Mammonismo é o oposto direto do socialismo. Socialismo, concebido como a ideia moral mais elevada, como a ideia de que o homem não está no mundo apenas para si mesmo, que todo homem tem deveres para com a comunidade, para com toda a humanidade, e que ele não é apenas responsável pelo bem-estar momentâneo de sua família, dos membros de sua tribo, de seu povo, mas que ele também tem obrigações morais inabaláveis para o futuro de seus filhos e seu povo.

Mais concretamente, devemos ver o Mammonismo como o conluio consciente dos grandes capitalistas famintos de poder de todos os povos. Digno de nota nisso sempre foi a chegada oculta do Mammonismo.

Os grandes magnatas realmente se escondem como a força motriz final por trás do imperialismo anglo-americano; nada mais. Os grandes poderes do dinheiro na verdade, financiaram os terríveis homicídios em massa da Guerra Mundial. Os grandes poderes do dinheiro, de fato, como proprietários de todos os grandes jornais, teceram o mundo em uma teia de mentiras. Eles têm com satisfação estimulado todas as paixões inferiores, têm diligentemente fomentado o crescimento das tendências atuais e, por meio de propaganda da imprensa fez ferver o revanchismo francês. Eles cuidadosamente nutriram a Ideia pan-eslava, o conceito sérvio de ser uma grande potência e a necessidade desses estados por dinheiro, ao ponto que a conflagração mundial deve começar.

Mesmo entre nós na Alemanha, o espírito do mamonismo que queria conhecer apenas mais números de exportação, riqueza nacional, expansão, projetos de grandes bancos e acordos financeiros internacionais, levaram a uma derrocada da moralidade pública, ao declínio de nosso círculo dominante para o materialismo e hedonismo, para uma superficialidade em nossa vida nacional, todos os fatores que compartilham a culpa pelo colapso terrível.

Com espanto, devemos nos perguntar de onde vem o Mammonismo, de onde o grande capital internacional obtém seu poder irresistível.

Não se deve esquecer que a colaboração internacional das grandes potências do dinheiro representa um fenômeno completamente novo. Não temos paralelo para isso em história. As obrigações internacionais de natureza monetária eram praticamente desconhecidas. Somente com o crescimento da economia global, com o comércio global geral, surgiu a ideia de uma economia de interesse internacional estabelecida, e aqui tocamos o mais profundo da raiz, aqui encontramos a fonte mais íntima de força a partir da qual o Golden International extrai seu poder irresistível.

Juros, o afluxo sem esforço e infinito de bens com base na mera propriedade de dinheiro sem qualquer adição de trabalho, fez com que as grandes potências do dinheiro crescessem. Os juros do empréstimo são o princípio diabólico a partir do qual a Gold International nasceu. O capital de empréstimo está firmemente conectado ao seu funil de sangue de forma absoluta em todos os lugares. Como os braços de uma anêmona, um grande capital de empréstimo conquistou todos os estados, todos os povos do mundo. Empréstimos do governo, títulos do governo, títulos de ferrovias, títulos de guerra, hipotecas, obrigações de títulos cobertos - em curto prazo, instrumentos de empréstimo de todo tipo têm em uma forma enlaçado toda a nossa vida econômica, de modo que doravante todos os povos do mundo se contorcem impotentes nas teias douradas. Para o bem do princípio do interesse, de acordo com uma ilusão política completamente louca de que todo tipo de a posse dá direito a ganhos, submetemo-nos à escravidão a juros sobre dinheiro. Nem uma única razão moral válida e real pode ser dada para explicar por que a mera posse de dinheiro deve conferir o direito ao pagamento de juros perpétuos

Essa oposição interna aos juros e à renda de todo tipo, sem qualquer ocorrência de trabalho produtivo, estende-se pela vida da alma de todos os povos por vezes. Mas nunca, esta profunda resistência interior ao poder do dinheiro se tornou tão consciente para as nações como em nosso tempo. Nunca o Mammonismo foi preparado de uma maneira tão abrangente para começar a dominação do mundo. Nunca ainda colocou a seu serviço toda baixeza, cobiça de poder, desejo de vingança, ganância, inveja e falsidade de maneira tão brutalmente agressiva como agora. A Guerra Mundial é, em seu cerne, uma das maiores decisões no processo evolutivo da humanidade na luta para decidir se no futuro a cosmovisão mammonista-materialista ou a cosmovisão socialista-aristocrática deve determinar o destino do mundo. 

Fonte:
Manifesto pela abolição da escravidão dos juros, Trad. Divisão CruxWaffen
 

sábado, 5 de novembro de 2022

O que é o homem? - Horia Sima


(Capítulo 2 do livro El Hombre Cristiano y la Acción Política (1974) de Horia Sima.)

1. Abordagem

Para compreender o que é a pessoa humana, como nos foi revelado pelo cristianismo, vamos proceder exatamente de acordo com o mesmo método usado quando explicamos a essência do comunismo. Em primeiro lugar, mostraremos o que a pessoa humana não é, o que se entende erroneamente nesta denominação.

2. O que o homem não é.

A pessoa humana não é algo epidérmico. Ela não se revela no primeiro contato consigo mesma, na primeira percepção de um indivíduo. Não é o que se vê, o homem andando na rua, mas o que não se vê. É um enigma que precisa ser decifrado. Para poder penetrar a essência de uma pessoa em seu íntimo, temos, antes de tudo, remover algumas camadas sob as quais ela aparece no mundo exterior, temos que passar por uma série de antecâmaras, até descobrirmos sua residência.

O homem é constituído de um núcleo espiritual, e este núcleo se manifesta no mundo material com a ajuda de um complexo psicofísico. Para surpreender o homem em sua intimidade, em seu princípio criador, devemos primeiro remover essa construção exterior, que nos impede de olhar para dentro dela, e contemplar a fonte de onde emana nossa personalidade,

O homem não é matéria, não é uma projeção biológica. Esse corpo que vemos, que se move e que confundimos com nossa personalidade, é apenas o veículo que usamos em nossa vida terrena. Ele está sujeito às leis da natureza, pois sofremos uma transformação de nosso ser imortal devido ao pecado do primeiro homem.

Mas, segundo nossa fé cristã, o homem está destinado a outro mundo, no qual poderá recuperar sua imortalidade.

Disso se segue que deve haver algo em nosso ser que sobreviva à destruição física, uma substância que tenha o poder de escapar à tirania das leis da natureza e voar, após o exílio terrestre, para sua verdadeira morada.

Mesmo permanecendo no quadro da biologia, percebemos que o homem é algo mais que vida. As células do corpo se renovam continuamente.

Nossos órgãos sofrem as mesmas transformações que outros seres vivos. A única exceção é a dos neurônios. Após uma certa idade, seu número diminui, sem possibilidade de reconstituição. Mas em meio a essas transformações contínuas que nossa pessoa visível sofre, nosso eu permanece inalterado. Fenômenos biológicos não o atingem. Do ponto de vista de nossa identidade interior, somos exatamente os mesmos de quando tomamos consciência de nossa existência.

Do nascimento à morte, nossa pessoa se desenvolve em torno do mesmo ponto de referência. A chama da autoconsciência queima ininterruptamente. Mudamos nossa fisionomia, as funções psíquicas se enfraquecem, mas a unidade e a continuidade de nossa pessoa não se perdem. Nossa biografia pode ser traçada graças a essa permanência do eu. Entre o padrão do biológico e o fluxo de nossa consciência, há algo fixo em nós e tão solidamente enraizado que nenhum processo vital pode tocá-lo. A pessoa humana é essa substância misteriosa dentro de nós que permanece intacta em meio a todas as degradações que o homem sofre em seu ser físico.

Seguindo a exploração em direção ao centro da personalidade, encontraremos uma nova camada, sua realidade psicológica, constituída segundo o critério clássico, de razão, sentimento e vontade.

Essas funções também não esgotam o conteúdo da pessoa humana. Não chegamos ao seu centro. O homem é algo mais do que razão, vontade e sentimentos. O fator psicológico atua apenas na superfície da consciência e representa apenas nossa consciência externa, aquela parte da consciência que entra em contato com o mundo, servindo para nossa orientação no ambiente em que vivemos, seja da natureza ou da natureza para a sociedade.

Obviamente, em uma aceitação mais ampla, todos esses elementos formam nossa personalidade, inclusive o corpo com que andamos na rua, mas o objetivo de nossa pesquisa é descobrir o substrato que sustenta toda essa estrutura psicossomática e sem o qual o homem não existiria.

3. Nem os sentimentos nem a vontade esgotam a pessoa humana

Em poucas palavras, gostaria de explicar por que nem a razão, nem os sentimentos, nem a vontade podem jogar fora a paternidade da pessoa humana. Estes nada mais são do que instrumentos que ajudam o homem a sobreviver no mundo material, e não a entidade que o define e o distingue do resto da criação.

Começaremos pelo que é mais fácil de demonstrar do que não pode constituir o fundamento da pessoa humana: os sentimentos. Acredito que ninguém está disposto a confundir sua pessoa com essa massa psíquica fluida, inconsistente, que está em movimento contínuo como as ondas do mar. O homem pode ser feliz agora e daqui a meia hora triste, hoje ama com toda a paixão e amanhã odeia a mesma pessoa, hoje pode ser generoso e amanhã ser egoísta, invejoso ou mau, sentimentos ou afetos representam a parte mais vulnerável da alma; de uma cor viva e atraente, mas que estão em um continuum de ebulição e mudança.

Em contraste com a mobilidade do sentimento, nosso "eu" tem estabilidade granítica.

Em meio às transformações corporais, em meio às mudanças que ocorrem ininterruptamente em nossa consciência, nosso "eu" permanece o mesmo consigo mesmo, como um ponto de referência imutável, em torno do qual a pessoa humana se reconstitui permanentemente. No seu seio interior encontramo-nos como num refúgio que nos defende das intempéries do tempo.

Vamos insistir por alguns momentos no testamento. Sabemos que há uma direção filosófica que identifica existência com vontade; Schopenhauer e Nietzsche. A filosofia de Nietzsche é grande, mas contém em si esse erro monumental que confunde o poder criador da pessoa humana com o da vontade de poder. E este erro monumental foi cometido por Nietzsche, já que ele não compreendeu o cristianismo. A força criadora da pessoa humana emana do amor e não da vontade de poder.

A vontade é uma energia psíquica limitada. Está esgotado. Não tem o sopro do infinito. Ele não é capaz de heroísmo a longo prazo. Todas as grandes personalidades cristãs foram caracterizadas não por uma grande vontade, mas por uma grande paixão que arde sem cessar, sem nunca se esgotar.

Em segundo lugar, a vontade é um poder cego. Pode servir ao bem e ao mal com igual eficácia. A vontade tem que ser permanentemente dirigida por uma ideia, por um conceito para fazer alguma coisa. A vontade pode até ser facilmente transportada e arrastada também pelas forças do anal e então corre a favor delas.

Um exemplo histórico do fracasso da vontade de poder é o império de Hitler, inspirado na doutrina de Nietzsche. Ele estimulou ao máximo sua vontade, a vontade de seus colaboradores, a vontade de todo o povo alemão, mas essa vontade não foi iluminada por uma concepção criativa. Era uma energia bruta, em pleno andamento e nada mais. Onde encontrou um obstáculo, Hitler aplicou a força, convencido de que nada poderia resistir à sua vontade sobre-humana de poder.

Somente uma visão cristã poderia ter salvado o império de Hitler. Rejeitando o cristianismo, não conseguiu entender com a mente o conjunto de operações político-militares e caiu no jogo de seus inimigos, quando já tinha a vitória nas mãos.

Nossa pessoa tem uma reserva de energia superior à vontade, tanto em intensidade quanto em duração. O verdadeiro motor da pessoa humana, uma vez ligado, nunca fica sem combustível, enquanto o motor da vontade enfraquece e muitas vezes para. Então, não é só que nosso eu autêntico desenvolve majestosamente suas energias, mas ao mesmo tempo sabe chegar a um bom porto. Ao contrário do testamento, que

Não tem instrumento orientador, nosso eu superior está em permanente guarda e nos dirige com passos firmes no decorrer de nossas vidas.

4. A razão identifica-se com o espírito 

Quanto à questão da razão, é mais delicada, pois uma confusão que perdura há séculos, sobretudo no Ocidente, identifica o espírito com a razão. A razão seria a sede da pessoa humana, cogito, ergo sum, de Descartes. "O homem é um animal racional", é afirmado em uma definição bem conhecida. "Quem viola a razão viola o espírito", protestos são ouvidos de muitos lugares. Entre outros, Karl Jaspers e Giovanni Papini se prestaram a defender a razão como instrumento de conhecimento. Corneliu Codreanu, doutrina da ação criativa, rejeita a razão como fator determinante na vida do indivíduo. Repudia a matéria, mas também a razão. Muita confiança foi colocada nessas entidades e os resultados são devastadores. "A razão", diz Corneliut Codreanu, "levantou o mundo contra Deus. Nós, sem jogá-lo fora e subestimá-lo, vamos colocá-lo onde tem seu lugar, a serviço de Deus e dos propósitos da vida”.

Vamos meditar um pouco nesta frase de Corneliu Codreanu. Analisando do ponto de vista histórico as atividades da razão, descobriremos nela comportamentos estranhos. Na filosofia escolástica, a razão gozava de tal veneração que o exercício do silogismo, com todas as sutilezas e refinamentos possíveis, constituía a peça capital do ensino.

Mas o que acontece durante a Revolução Francesa? A mesma razão foi elevada à categoria de divindade e um culto oficial foi estabelecido para ele. Em seu nome igrejas são incendiadas e pedras são atiradas em Deus. No século XIX, a razão engendra a doutrina ateísta do materialismo. Que confiança podemos depositar na capacidade da razão de descobrir a verdade, quando ela nos oferece resultados tão contraditórios, em diferentes momentos? superar sua concorrência.

A fraqueza da razão torna-se evidente quando verificamos que ela está disposta a nos servir de argumentos para qualquer propósito, crenças, ideias e até para coisas absurdas. Para o extermínio dos doentes incuráveis, dos deficientes, dos loucos, os líderes do Terceiro Reich encontraram argumentos muito sólidos, baseados na genética e nas teorias raciais. O marxismo, também com argumentos racionais, proclama a necessidade de destruir classes inteiras de uma nação, para garantir o triunfo da ditadura do proletariado. Mesmo na Inglaterra, há pouco tempo, não assistimos aos debates no parlamento deste país onde, com evidências científicas e bem expostas racionalmente, a punição da homossexualidade foi abolida? Além disso, quantas aberrações não são admitidas pelos legisladores, pela sociedade, quantas são difundidas por escritores baseados em raciocínios aparentemente muito sólidos? As tiranias comunistas, com os milhões de mortos, não se justificam no mundo livre como uma nova forma social?

Alguns bandidos, alguns assassinos, alguns monstros, alguns torturadores de povos, são apresentados, com luxo da dialética, como reformadores sociais e gênios da Humanidade.

Aqui estão as perfídias da razão, aqui estão os pratos venenosos que ela nos serve se não vigiarmos suas atividades.

Se admitirmos que a razão é o centro da pessoa humana, como responderemos a outra pergunta? Os animais também têm uma inteligência, como demonstra a psicologia animal, uma inteligência, propriamente compreendida, limitada à sua categoria biológica. Os animais também raciocinam, também são capazes de tirar certas conclusões, a partir de certas premissas. O silogismo também é familiar aos animais. É aqui que seu treinamento se baseia.

Então o que fazemos? Aceitamos a teoria evolucionista e também nos declaramos animais, nos colocando na mesma categoria dos peixes, dos pássaros e dos besouros com chifres? Também temos animais dotados de inteligência superior aos que estão abaixo de nós na escala biológica?

5. O homem também possui poder criativo

E perguntamos àqueles que sustentam que o homem descende do macaco ou de outros animais: bem, o que você quer provar com isso? Apesar do homem estar separado do animal mais evoluído, devido à sua enorme inteligência, a inteligência não é sua principal característica. O homem possui, comparado ao animal, outra coisa: o poder criador. O homem viveu em cavernas e hoje vive em palácios, enquanto o animal, embora também seja dotado de inteligência, não pode se elevar acima de suas condições de vida. Nenhum animal jamais imaginou ser capaz de viver de outra forma a não ser em seu esconderijo. O animal permanece eternamente prisioneiro da natureza. O homem pode emancipar-se da tirania das leis da natureza, porque possui uma faculdade desconhecida do reino animal, que é sua fantasia criadora, esse dom misterioso que revela sua essência divina.

Há, aliás, uma lógica primitiva, como mostraram os sociólogos que estudaram as tribos da África, Ásia, Austrália e América, fundamentalmente diferente da nossa lógica europeia. Nossas categorias mentais não se assemelham às das civilizações primitivas. Observa-se, inclusive, que cada civilização tem sua própria linguagem lógica, e mesmo, de cidade em cidade, no quadro de uma mesma civilização, observam-se certas nuances.

Como nos orientamos neste caso? A razão pode constituir a essência da pessoa humana, quando a própria razão sofre tantas transformações, dependendo da civilização que a utiliza?

Em nossos dias outras coisas estranhas também acontecem com a razão, conseguindo nos desconcertar. Parte das funções da razão, e não menos importantes, como os cálculos matemáticos, foram transferidas para as máquinas. A cibernética funciona em bases racionais e facilitou muito nossos esforços de inteligência. Mas esses computadores, esses computadores, como são chamados, essas máquinas que pensam por nós, substituíram o homem como afirmam alguns fanáticos do progresso técnico?

Em absoluto. A pessoa humana continua a mesma. O homem criou esses máquinas e servem à sua expansão no mundo, mas sempre agindo sob seu controle.

No caso da cibernética, a diferença entre a razão e a pessoa humana aparece ainda mais evidente. A cibernética demonstra que o homem não é razão ou não é apenas razão; para isso ele foi capaz de construir máquinas que são responsáveis por raciocinar para ele. Mas apenas a razão foi substituída por máquinas, não o próprio homem, que tem outra coisa que o eleva acima da razão e, claro, acima das máquinas que construiu.

É o fato criativo que distingue o homem dessas máquinas e dos processos racionais a que servem.

Então o que é razão? É um auxiliar da pessoa humana. A razão ajuda a organização da vida material e da vida social. É um instrumento de comunicação entre os homens, exatamente como a linguagem. Um grande professor de lógica de Bucareste, Nae Ionescu, o professor da nossa geração, explicou-nos há 40 anos que a razão não serve ao conhecimento da verdade, mas à sua transmissão. É uma espécie de correia transportadora das verdades que obtemos por outros meios estritamente pessoais.

Na verdade, não pensamos fazendo silogismos como a lógica formal nos ensina.

As ideias aparecem para nós instantaneamente, eletronicamente. Pensemos na maçã de Newton que caiu da árvore e que, diante desse fato, a lei da gravidade passou por sua mente.

Somente quando se trata de comunicar nossos pensamentos a outra pessoa temos que usar a cadeia de silogismos. A verdade que nos apareceu espontaneamente, para ser compreendida pelos outros, deve ser fragmentada, deve ser oferecida aos poucos. Exatamente como acontece com um medicamento que não pode ser tomado de uma só vez, mas colher após colher.

O objetivo principal da razão é tornar acessíveis aos outros as verdades adquiridas por nós de repente, em virtude de uma disposição especial de nossa alma, e que, sem essa correia transportadora, permaneceriam incompreendidas.

Não surpreende, então, que haja uma lógica primitiva e um modo de pensar de cada civilização, pois a razão, sendo um instrumento de comunicação de ideias, naturalmente se adaptaria ao ambiente específico das grandes comunidades humanas.

Portanto, usamos a razão em seu devido lugar, como diz Corneliu Codreanu, a serviço de Deus e dos propósitos da vida. No que diz respeito à pessoa humana, devemos empreender uma incursão mais profunda em nosso eu interior, para descobri-lo. Ela jaz como ouro no fundo de uma mina e temos que remover muita terra e pedras para localizá-la.

6. O subconsciente é o desfeito da existência

Percebendo a fragilidade do princípio do cogito, ergo sum, uma série de filósofos e sábios da era moderna mergulhou em outros departamentos da pessoa humana, na esperança de encontrar uma explicação mais satisfatória para nossa existência.

Entre outras experiências e teorias, a existência do subconsciente foi revelada. As pesquisas nessa direção se intensificaram a tal ponto que se criou uma escola de pesquisa subconsciente, cujo fundador foi Freud. Em seu nome, legiões de médicos, sociólogos e psicólogos se lançaram à exploração do subconsciente, na esperança de descobrir o berço da pessoa humana.

Segundo essa teoria, o homem não seria o que se pensava até Freud; uma expressão da vida psíquica consciente, uma manifestação de suas atividades em estado de vigilância. Em vez disso, a origem da pessoa humana deve ser buscada em uma região muito mais profunda que está além do controle do eu consciente. A consciência nada mais seria do que um derivado, um epifenômeno, sendo permanentemente dominado pelo subconsciente.

A ideia de perfurar a consciência externa do indivíduo para descobrir os primeiros batimentos cardíacos da pessoa humana foi bem feita, mas a sondagem foi feita no lugar errado. O que foi encontrado não contém a fonte da pessoa humana. O subconsciente não só não pode ser identificado com o nervusn rerurn gerendaruin da pessoa humana, mas representa exatamente o que seu nome diz, uma categoria inferior de consciência, inferior à psicologia normal. O subconsciente é algo como um subsolo onde se acumulam os escombros da existência. A escória que resta da atividade de nossa alma é depositada aqui como numa espécie de recipiente. Assim como as donas de casa tiram diariamente o lixo de casa e o depositam para ser transportado pelo serviço público, da mesma forma a pessoa humana se livra de todos os elementos nocivos, instintos adulterados, imagens mórbidas, das tendências repugnantes, condenadas por o eu consciente, de turbulência funcional, e os deposita neste «recipiente», chamado subconsciente, à espera de ser esvaziado.

E o conteúdo do subconsciente? Uma alma saudável a queima, livrando-se dela, exatamente como fazem as donas de casa. O subconsciente é o lixo da alma.

Claro, se não for queimado no devido tempo, se for permitido empilhar, então o subconsciente invade a consciência, causando distúrbios. O indivíduo que gosta de remover os escombros de sua atividade psíquica acabará se acostumando a viver nesse ambiente interno infectado, exatamente como acontece na periferia da sociedade, onde se encontram todos os tipos de indivíduos que têm nojo do trabalho. esforço, preferindo a existência dos vagabundos e bandidos que fervilham sob as pontes do Sena e nos manicômios à noite. Os complexos psíquicos, a dupla personalidade, as neuroses, são produzidos como resultado de o homem escorregar para a promiscuidade do subconsciente.

A inspiração de qualquer natureza artística, literária, científica não deve ser atribuída ao subconsciente, como afirma esta escola. Do subconsciente só recebemos impulsos ruins e prejudiciais para o processo criativo. A inspiração, como diz Horácio, é mens divinor, desce do céu. é um clone de nossa superconsciência, de nosso eu superior, e não é destilado dos miasmas do subconsciente.

7. A essência da pessoa humana

Uma vez que esses obstáculos tenham sido removidos do caminho da pessoa humana, podemos dar o passo decisivo, entrando em seu santuário. A melhor introdução para o conhecimento da realidade última do homem é a passagem da carta do Santo Apóstolo Paulo, dirigida aos Coríntios, na qual fala do amor - “O amor nunca perece. Quanto às profecias, elas desaparecerão; quanto às línguas, cessarão; no que diz respeito à ciência, isso vai acabar.”

"Já que nossa consciência é uma fração, e nossa profecia também é um fragmento."

"Mas quando o que é perfeito chegar, a fração será contida."

«Bem, eu tenho fé, esperança, amor, esses três permanecem. Mas o maior deles é o amor."

O que é perfeito, o que está acima de todo conhecimento humano e de toda virtude humana, como diz tão belamente o Santo Apóstolo Paulo, é o Amor. Nada pode igualar o amor, nenhuma virtude, nenhum sacrifício, nenhum trabalho, nenhum conhecimento e nenhum heroísmo. Todos estes recebem seu esplendor e sua recompensa na medida do amor que neles está cimentado. Qualquer produto de nossa mente, em relação ao amor, nada mais é do que um fragmento. Somente no Amor, a Verdade se manifesta em toda a sua plenitude, sem sombras ou limitações. Todas as outras funções da consciência, nossos sentidos, nossos sentimentos, inteligência, levam a resultados parciais; somente o Amor reflete a Verdade absoluta. E não apenas revela a Verdade absoluta, mas ela mesma é a Verdade absoluta. Quem tem amor, possui o mais alto conhecimento, pois o coloca em contato direto com Deus e revela a natureza de Deus.

8. O amor nunca perece 

O amor, confessa o Apóstolo Paulo, nunca perece. Esta afirmação deve ser retida e meditada. A parte do homem que não morre, que não desaparece uma vez com nosso ser físico e que permite nossa reconstituição corporal, em um mundo futuro, é o amor. Através do amor e somente através dele, o homem, ao contrário de todas as outras realidades do Universo, mantém o atributo da imortalidade. Todas as outras partes componentes do homem, o corpo, com o qual tanto nos preocupamos, nossos conhecimentos, nossos esforços, nossos sentimentos e os tesouros que reunimos, a profissão que exercemos, deixaremos todos no caminho para eternidade. São como um fardo do qual nos livramos na subida ao infinito. Só o amor nunca nos abandonará.

Envoltos em amor, vamos nos apresentar perante o Supremo Juiz. O amor é a única moeda terrestre que também circula no Céu.

Além do amor, nada existe. Chegamos, como diria Santa Teresa de Ávila, “à última morada da nossa alma”, o último degrau da Verdade. No santuário do amor podemos falar com Deus. Amor, Verdade e Espírito são noções equivalentes.

Não podemos conhecer Deus externamente, até o dia da ressurreição, mas podemos tomar consciência de sua natureza, através do fio comum do amor. Somente a experiência interior do amor abre as portas para o conhecimento de Deus. Deus é amor, como diz o Santo Apóstolo João, e revelou o seu ser interior de uma forma chocante, através de um sacrifício cuja grandeza não pode mais ser superada: enviou o seu Filho Unigênito, para se sacrificar pela salvação dos homens.

9. O Amor Justifica a Redenção 

É inconcebível que Deus envie seu Filho para sofrer a provação da crucificação por seres pertencentes ao reino animal, como os evolucionistas pretendem nos ensinar.

Deus enviou seu Filho à terra para nos redimir, porque o homem foi dotado por ele, no momento da criação, com uma partícula de sua própria Divindade. Deus, sendo amor, também transmitiu esta força ao homem, dando-lhe uma posição diferente no Universo. o

O homem é matéria, mas matéria sui generis, dotada de um traço divino. Cantamos nossa alegria, diz São João Crisóstomo, porque Deus divinizou a criatura e o ser efêmero foi imortalizado pelo amor.

Esta imagem divina do homem tinha que ser salva, e não qualquer criatura, como o boi, os cães ou os pássaros. O homem possui uma essência divina, o amor, e através do amor nos relacionamos com Deus e podemos nos nomear filhos de Deus. Através desta composição, única no mundo, matéria-espírito, explica-se a encarnação de Cristo. Seu pedido para nos salvar e depois a fundação da Igreja. O homem pertence apenas temporariamente à natureza, ao cosmos com milhões de estrelas. Sua verdadeira pátria é o terceiro céu além do céu das estrelas. Se os homens também não possuíssem um selo de origem divina, se os próprios homens não fossem deuses, como diz a Bíblia, todo o drama Divino-Humano seria absurdo.

A pessoa humana, em sua última projeção, é amor e nada mais; uma substância simples, mas de enorme poder, que criou tudo o que vemos através da obra de Deus. O amor é a eternidade do homem, é sua alma divina. Só depois de descobri-lo, com base na experiência interior, penetramos no vestíbulo mais íntimo de nossa personalidade, no Sancta Sanctoruvn, onde encontramos Deus e nos ajoelhamos diante dele.

10. Precisão da palavra amor

O amor é uma denominação tão utilizada na linguagem atual, que chegou a perder prestígio, e até se tornar banal. Guiados pelas aventuras do amor na vida comum, corremos o risco de confundi-lo com outras realidades da alma. O amor espiritual, o amor-verdade, o amor cristão, assim como nos foi revelado pela primeira vez através do modelo da pessoa humana, Jesus Cristo, não deve ser confundido com o afeto do amor, com a simpatia, com a amizade ou outras formas sentimentais que unem duas pessoas. Essas manifestações da alma têm seu lugar na psicologia. O divino sopro-amor, que constitui a nota distintiva da pessoa humana, não deve ser psicologizado. Significaria degradá-la, colocá-la no capítulo dos afetos. O amor de tipo psicológico, a afeição do amor, baseia-se na reciprocidade, num "do ut des", num fundo de egoísmos complementares, suavemente camuflados.

O amor espiritual tem uma direção unilateral de realização; oferecer algo, sem pedir nada em troca; sacrifica-se sem reivindicar um equivalente. Em outras palavras, realize atos altruístas. No juramento que foi prestado às missas legionárias por ocasião do enterro dos heróis legionários Mota e Marín, mortos em Majadahonda, em defesa da Espanha, em Bucareste, Corneliu Codreanu, utilizou a seguinte fórmula «-arrancar de minha pessoa o amor humano e, pela ressurreição de minha linhagem, ser pronto para morrer a qualquer momento.

Muitas vezes entre o amor humano e o amor espiritual há uma incompatibilidade que pode levar a conflitos dolorosos. O amor espiritual leva você a fazer sacrifícios que ferem profundamente o amor humano, o amor ao próximo, o amor aos amigos, o amor à família.

Um conhecido meu me contou como se despediu da mãe, quando ela foi para o front, na Primeira Guerra Mundial. Abraços, lágrimas, suspiros de sua mãe, mas no momento da separação, sua mãe lhe disse: "Dói-me que você esteja partindo e temo por sua vida, mas é melhor morto do que desertor".

Ela era uma mulher simples e, sem dúvida, em sua simplicidade de pensamento, não percebeu que, quando pronunciou suas últimas palavras, saltou da terra para o céu; do mundo do amor humano, terno, colorido e vibrante, para o amor espiritual, onde prevalece a vontade de sacrifício.

Em conclusão, o amor puro é oferecido, sacrificado, consumido, sem pedir qualquer recompensa em troca.

11. Amor não é tolerância

Há também outra falsificação da imagem desse amor sobrenatural. Acredita-se que um homem que age na vida de acordo com a lei do amor deve necessariamente ser um homem bondoso, cheio de compaixão, pronto para todos os compromissos, incapaz de usar a violência, inclinado a perdoar todas as injustiças e, acima de tudo, amante da paz. Isso não é certo.

Há circunstâncias em que o amor de tipo espiritual pode se tornar terrível e implacável.

Quando o Arcanjo São Gabriel expulsou Lúcifer e suas hostes do Céu, não procedeu gentilmente com os rebeldes; Jesus Cristo pegou o chicote e expulsou os mercadores do templo. No dia do Juízo Final, não podemos dizer que Jesus Cristo não tem amor, porque ele vai nos julgar e muitos vão acabar no inferno. Quando um líder de um país manda cortar a cabeça de um malfeitor, isso não significa que ele não tenha amor; pelo contrário, poderia ser acusado de falta de amor ao povo se não tivesse procedido com tanta severidade. Cornelio Codreanu, acusado no parlamento de seu país de não ser cristão, por exigir a aplicação da pena capital, respondeu: "Entre a morte de minha nação e a morte de um criminoso, prefiro a morte deste último".

Fonte:
El Hombre Cristiano y la Acción Política, Horia Sima, Ed. Fuerza Nueva Editorial


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Discurso aos Operários de Milão, 16 de outubro de 1934, Benito Mussolini


Com esta formidável reunião de povo, encerra-se o ciclo das minhas três jornadas milanesas.

Começaram os rurais. Suas valiosas dadivas, serviram para aliviar as necessidades de numerosas famílias, de diversas regiões da Itália. Realço perante a Nação, esta maravilhosa prova de civismo e de solidariedade nacional, demonstrada pelos laboriosos rurais da província de Milão. 

Hoje o coração desta cidade, sempre - jovem e galharda, que está ligada indissoluvelmente á minha vida, diminuem o seu forte pulsar. 

Sois neste momento, protagonistas de um acontecimento que a Historia política de amanhã denominará - "o discurso aos operários de Milão".

Neste momento, milhões e milhões de italianos vos cercam; e para além dos mares e dos montes, muita gente está de ouvido atento. 

Peço-vos alguns minutos de atenção. Poucos minutos, mas que provavelmente darão motivo a longas meditações.

A recepção de Milão não me surpreendeu: comoveu-me. Não vos admireis desta afirmação, porque no dia em que o coração não vibrasse, esse dia significaria o fim.

Há cinco anos nestes mesmos dias, desmoronavam-se com imenso fragor as colunas de um templo, que parecia desafiar os séculos. Aniquilaram-se numerosas fortunas e muitos não souberam sobreviver ás consequências deste desastre. 

O que ficava debaixo destes escombros? Não só a ruma de poucos ou de muitos indivíduos, mas também o fracasso de um período da historia contemporânea, que se pode chamar, da economia liberal capitalista.

(Children sleeping in Mulberry Street (1890) Art.)

Os que se deleitam em olhar para o passado falaram de crise. Não se trata de uma crise no sentido tradicional, histórico da palavra, mas da passagem de uma para outra fase de civilização. Não se trata já da economia que se baseia no lucro individual, mas da economia que se preocupa do interesse coletivo. 

Perante este declínio provado e irrevogável, há duas soluções para enfrentar o fenômeno da produção.

A primeira, consistiria em estatizar toda a economia da Nação. É uma solução que repelimos, porque, entre outras cousas não pretendemos multiplicar por dez, o numero já imponente dos empregados do Estado. 

A segunda solução, é a que se impõe pela logica e pelo desenvolvimento dos acontecimentos. É a solução corporativo é a solução da autodisciplina da produção, confiada aos produtores. Quando digo produtores, não incluo somente os industriais ou empregadores, mas refiro-me também aos operários.

O Fascismo estabelece a verdadeira e profunda igualdade de todos os indivíduos, em face do trabalho e da Nação. A diferença está na escala e na amplitude das responsabilidades individuais.

Dirigindo-me ás multidões da populosa e esforçada Bari, afirmei que o objetivo do Regime, no domínio econômico, é a realização de uma justiça social mais elevada e equitativa, para o povo italiano. 

Agora, confirmo diante de vós este compromisso, e podeis estar certos de que será integralmente cumprido.

Que significa esta justiça social mais elevada? Significa trabalho assegurado, salario equitativo, casa decente, e possibilidade de desenvolver-se e de alcançar o melhoramento progressivo e continuo. Mas não basta: significa também que os operários, os trabalhadores, devem conhecer mais profundamente o processo da produção, e tomar parte ativa na sua organização.

As massas dos operários italianos, de 1929 até hoje, aproximaram-se da Revolução Fascista. Poderiam ter tomado outra atitude? Por acaso, a atitude da hostilidade ou da reserva?

Mas como se pode ser hostil a um movimento que abraça a maior parte do povo italiano, e exalta a sua inesgotável paixão de grandeza?

Ou porventura deveriam ter adotado uma atitude de indiferença? Mas os indiferentes, nunca fizeram nem farão a historia. 

Restava somente, a terceira atitude representada pela adesão explicita, clara e leal, ao espirito e ás instituições da Revolução fascista; esta foi adotada pela massa dos operários.

Se o século passado foi o século do poder do capital, o atual é o século do poder e da gloria do trabalho. 

A ciência moderna conseguiu multiplicar as possibilidades da riqueza; esta ciência controlada pela vontade do Estado, deve resolver o outro problema, que é o da distribuição da riqueza, de modo que, não se verifique mais o fato ilógico, paradoxal e ao mesmo tempo cruel, da miséria no meio da abundancia. Para esta grande criação, é necessário a união de todas as energias e de todas as vontades.
Para esta grande criação, que permitiu á Itália de colocar-se na vanguarda de todos os países do mundo, é também necessário que sob o ponto de vista internacional, a Itália seja deixada em paz. 

Os dois fatos estão intimamente ligados entre si: eis porque, vou examinar agora, e rapidamente, o nosso horizonte politico, limitando-me aos países limítrofes, com os quais é preciso adotar uma atitude que não pode ser de indiferença, sim de hostilidade ou de amizade.

Comecemos pelo Leste; é evidente que não há grandes possibilidades de melhorar as nossas relações com a nossa vizinha do além Monte Nevoso e do além Adriatico, enquanto na imprensa continuarem a ferver as polemicas que tão profundamente ferem a nossa sensibilidade. A primeira condição de uma politica amistosa e que não se limite aos protocolos diplomáticos, mas que atinja um pouco o coração do povo, é que não se ponha em duvida o valor do Exercito Italiano que lutou por todos; que deixou pedaços de carne nas trincheiras do Carso, da Macedonia e de Bligny; que sacrificou mais de seiscentos mil homens para a Vitória comum, vitória que começou a ser comum, somente em junho, nas margens do Piave.

Entretanto, nós que nos sentimos e somos fortes, podemos oferecer ainda uma vez a possibilidade de uma aliança para a qual, existem condições preestabelecidas. Nós defendemos e defenderemos a independência da Republica Austríaca, independência que foi consagrada com o sangue de um Chanceler, que era pequeno de estatura, mas grande de animo e de coração. Os que afirmam que a Itália tem intenções agressivas e que pretendem impor uma espécie de protetorado aquela Republica, não estão ao par dos fatos, ou então, mentem conscientemente. Isto, oferece-me a oportunidade de afirmar que não é concebível o desenvolvimento da historia europeia sem a Alemanha, mas que é necessário que algumas correntes e círculos alemães, não deem a impressão de que a Alemanha quer alhear-se á marcha da historia europeia. As nossas relações com a Suíça são ótimas e assim permanecerão não só nos próximos dez anos, mas durante um período que se pode prever muito mais longo. Desejamos somente que seja mantida e fortalecida a italianidade do Canton Ticino, e isto não só para o nosso interesse, mas principalmente para o interesse presente e futuro da Republica Suíça.

Não há duvida, de que, de um ano para cá, as nossas relações com a França, melhoraram consideravelmente. Peço Venia, para abrir um pequeno parêntese: a vossa atitude diante desta exposição é tão inteligente que demonstra e prova, que enquanto os processos de trabalho da diplomacia devem ser reservados, pode-se perfeitamente, falar diretamente ao povo, quando se quer assinalar as diretrizes de politica externa, de um grande Pais como a Itália. A atmosfera melhorou, e si realizarmos os acordos que vivamente desejamos, será muito útil e vantajoso para os dois países e para o interesse geral da Europa. Veremos tudo isto, lá para os fins de outubro e princípios de novembro.

A melhoria das relações entre os povos da Europa é neste momento tanto mais útil, desde que a conferencia do desarmamento fracassou. Sem duvida, Henderson, como o bom inglês é tenaz, mas não conseguirá de modo algum, fazer ressuscitar o Lazaro desarmador que ficou profundamente esmagado e sepultado, sob o peso enorme dos couraçados e dos canhões.

Estando assim as cousas, não vos deveis admirar si hoje insistimos resolutamente sobre a preparação integral e militar do povo italiano. É este o outro aspecto do sistema corporativo. Para que o espirito da multidão dos trabalhadores, seja elevado como é necessário ser, proclamamos o postulado da mais alta justiça social para o povo italiano, porque o povo que não encontra no seu próprio pais, condições de vida dignas deste momento europeu, italiano e fascista, é um povo que não poderá dar o rendimento necessário, na hora em que se exige a sua cooperação.

O futuro não pode ser estabelecido como um itinerário ou um horário. Não se devem fazer hipotecas, a prazos demasiadamente longos. Já dissemos isto outras vezes, e agora o confirmamos, porque, estamos convencidos, de que o Fascismo será o modelo da civilização europeia e italiana deste século.

No que diz respeito ao futuro certo ou incerto, algo há que permanece corno uma base de granito que não se pode abalar nem demolir: esta base é a nossa paixão, nossa fé e a nossa vontade.

Se reinar a paz verdadeira e fecunda, que não pode deixar de existir senão pela justiça, poderemos ornar os canos das nossas armas, com um ramo de oliveira. Mas se isto não se verificar, podeis estar certos, de que nós homens temperados no clima do Littorio, coroaremos nossas baionetas, com o louro da vitória.

Tradução:
Nélson Jahr Garcia

A Guarda de Ferro Romena, A Doutrina da Legião - Lucian Tudor

Antes de abordar a história do Movimento Legionário, é importante esclarecer o que ele ensinou a seus membros e quais eram seus objetivos ...